Morreu o primeiro-ministro da Etiópia Meles Zenawi
21 de agosto de 2012O vice-primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, vai assegurar o Governo do país interinamente após a morte do primeiro-ministro, Meles Zenawi, anunciou o executivo etíope. "De acordo com a Constituição etíope, o vice-primeiro-ministro deve prestar juramento perante o Parlamento", afirmou à imprensa o porta-voz do Governo Bereket Simon, adiantando que o executivo está a tentar que o Parlamento seja convocado "o mais rapidamente possível".
Morreu num hospital no estrangeiro
Meles Zenawi, de 57 anos e no poder há duas décadas, morreu num hospital no estrangeiro na noite de segunda-feira para a terça-feira (21.08). O governante não era visto em público desde junho e em julho fontes diplomáticas em Bruxelas indicaram à agência AFP que Zenawi estava hospitalizado na capital belga e em estado crítico.
"Ele estava a recuperar bem, mas de repente algo se passou e teve de ser levado para os cuidados intensivos e não o conseguiram manter vivo", explicou o porta-voz, sem fornecer mais detalhes sobre o problema da doença de que padecia o primeiro-ministro etíope.
A data do funeral de Zenawi não foi divulgada, referindo Bereket que o processo está a ser preparado por um comité e que o país estará "de luto" até ao funeral, "em memória do primeiro-ministro".
Guerras contra a Eritreia e na Somália
Meles Zenawi assumiu o poder na Etiópia em 1991 à frente de uma guerrilha que derrubou o regime do ditador Mengistu Hailé Mariam. Os mandatos de Meles Zenawi foram marcados por uma guerra fronteiriça com a Eritreia entre 1998 e 2000 e duas intervenções militares na Somália, a primeira dos finais de 2006 ao início de 2009 e a segunda desde o final de 2011 contra os rebeldes islâmicos da Al-Shabab.
Ao mesmo tempo que Meles Zenawi conseguiu impor-se como líder africano em negociações internacionais como as do clima, no próprio país o seu mandato ficou conhecido como uma época de repressão contra a oposição. A Etiópia também é conhecida como uma das maiores prisões de jornalistas do mundo. Quase não há liberdade de imprensa e as emissões da DW e da Voz da América em amárico sofrem regularmente interferências dos emissores do governo etíope.
Autor: jb / LUSA
Edição: António Rocha