Morreu o ex-chanceler alemão Helmut Kohl
16 de junho de 2017"Kanzler der Einheit” – chanceler da reunificação – é com este cognome que Helmut Kohl ficará inscrito nos livros de história da Alemanha, da Europa e do mundo.
De facto, a unidade alemã foi o ponto alto da carreira política deste político democrata-cristão. 10 de novembro de 1989: no dia anterior, tinha sido derrubado o muro de Berlim. Agora era a vez do chefe do Governo da Alemanha Federal falar a todos os alemães desde as varandas da câmara municipal: "O que está em jogo agora é a unidade, a justiça e a liberdade. Viva a pátria alemã livre, viva a Europa livre e unida!”
Uma Alemanha livre e unida era, para muitos ativistas de esquerda, na altura, uma provocação. Não havia boas recordações da Alemanha unida, 53 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Fora da Alemanha, muitos também não viam com bons olhos a reunificação das duas Alemanhas. Helmut Kohl, no entanto, consegue convencer os seus parceiros, incluindo os mais céticos. Durante um passeio no bosque, Kohl consegue, nomeadamente, convencer o líder da então União Soviética, Mikhail Gorbachov, a retirar as suas tropas da então Alemanha do Leste. Menos de um ano após a queda do muro de Berlim, a Alemanha é um país unido e soberano.
Pela unidade europeia
Muito se deve a Helmut Kohl que, segundo os observadores políticos, conseguiu agarrar com unhas e dentes as oportunidades que a história lhe proporcionou como chefe do Governo da Alemanha Federal. Helmut Kohl ficará na história como um grande patriota alemão, mas também como um grande promotor da unidade europeia. Frases como esta ilustram bem a faceta do antigo chefe do Governo alemão: "Para nós, alemães, é uma questão crucial conseguirmos prosseguir a política de construção da União Europeia. Para nós, não há alternativa à política de União Europeia”.
Helmut Kohl foi também apelidado de "animal político” – um homem que sempre procurou o poder para poder influenciar o destino do seu país. Com 29 anos, foi eleito deputado pela União Democrata-Cristã, CDU, ao Parlamento regional da sua região, a Renânia-Platinado. Com 33 anos, foi eleito chefe do respetivo grupo parlamentar. Mais tarde, torna-se presidente da CDU a nível regional. Com 36 anos, já era chefe do Governo regional. Em junho de 1973 é, finalmente, eleito presidente da CDU alemã. Mas ainda não chegara ao auge político: "Sim, quero ser chanceler. Quero vencer as eleições e ser eleito chanceler federal”, afirmou.
Em 1976, Kohl é, pela primeira vez, candidato ao cargo, mas perde por pouco contra o seu rival social-democrata Helmut Schmidt. Em 1982, porém, consegue derrubá-lo, na sequência de um voto de censura no Parlamento, para o qual se alia ao partido liberal FDP.
Como chanceler federal, Helmut Kohl revela ser um homem com valores conservadores e, ao mesmo tempo, um europeísta convicto.
Devido, em parte, à reunificação, não consegue evitar o endividamento nas finanças públicas. Os índices de desemprego também disparam. As paisagens floridas que promete aos alemães do Leste tardam a surgir. No entanto, na Europa e na Alemanha, Helmut Kohl ficará na memória de todos. Será lembrado como "Kanzler der Einheit” – o chanceler da reunificação.