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Morreu Gorbachev, o último Presidente da União Soviética

ms | DW (Deutsche Welle) | Lusa | EFE
31 de agosto de 2022

Mikhail Gorbachev, último Presidente da União Soviética, morreu esta terça-feira, em Moscovo, aos 91 anos. Sucedem-se as reações à morte do pai da "Perestroika", lembrado como o líder que ajudou a pôr fim à Guerra Fria.

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Foto: Boris Yurchenko/AP/dpa/picture alliance

Mikhail Gorbachev morreu na tarde de terça-feira (30.08), "após uma longa e grave doença", informaram fontes do Hospital Clínico Central de Moscovo à agência russa RIA Novosti.

O último presidente da União Soviética vivia longe dos holofotes dos meios de comunicação social há anos, devido a problemas de saúde.

Segundo a agência de notícias russa TASS, Gorbachev será enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, onde se encontram os restos mortais de figuras importantes da história russa, assim como o túmulo da sua esposa, Raísa.

Reações mundiais

Nas últimas horas, têm sido muitas as reações à morte de Gorbachev, que é lembrado como o líder que ajudou a pôr um fim à Guerra Fria.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou "profunda tristeza" pela morte sua morte, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Pela manhã irá enviar um telegrama de condolências aos seus familiares e amigos", disse Peskov, citado pela agência de notícias Interfax.

O secretário-geral das Nações Unidas lembra "um estadista único que mudou o curso da história". António Guterres disse que "o mundo perdeu um líder global imponente e defensor incansável da paz".

Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, recordou Gorbachev como "um líder confiável e respeitado", que desempenhou  "um papel crucial para acabar com a Guerra Fria."

O Presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou o "compromisso com a paz na Europa" por parte do último líder da União Soviética. "Um homem de paz cujas escolhas abriram um caminho para a liberdade para os russos", frisou.

O primeiro-ministro demissionário britânico, Boris Johnson, manifestou admiração pela "coragem e integridade" de Gorbachev. "Numa época de agressão de Putin na Ucrânia, o seu incansável compromisso com a abertura da sociedade soviética continua a ser um exemplo para todos nós", salientou.

O Presidente dos EUA Joe Biden saudou Gorbachev como um "líder raro" que tornou o mundo mais seguro graças às suas reformas. "Foram atos de um líder raro, com imaginação para ver que um futuro diferente era possível e a coragem de arriscar toda a sua carreira para o conseguir", disse.

Um legado duradouro

Como último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.

O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.

Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a colecionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia.

Muitos russos nunca perdoaram a Gorbachev a turbulência que as suas reformas desencadearam, considerando que tiveram de pagar um preço demasiado elevado pela democracia.

Depois de visitar Gorbachev no hospital a 30 de Junho, o economista liberal Ruslan Grinberg disse à agência noticiosa Zvezda: "Ele deu-nos a todos liberdade, mas não sabemos o que fazer com ela."