Sob o signo da paz, DDR volta novamente à mesa de diálogo
5 de junho de 2020O processo começou na quinta-feira (04.06) e, esta sexta-feira (05.06), o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, foram até às matas de Savane para acompanhar a entrega das armas de dezenas de guerrilheiros do maior partido da oposição em Moçambique.
Savane fica a cerca de cinquenta quilómetros da Beira, capital provincial, e é uma das bases menos conhecidas dos homens do maior partido da oposição, desde a guerra civil dos 16 anos.
O Presidente da República considera que o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da RENAMO é um processo complexo, mas possível, com a colaboração de todos os moçambicanos.
"O nosso maior orgulho é que as duas partes que fazem do processo de DDR são dirigidas por moçambicanos e assistidas pelos nossos amigos de cooperação, isso para haver a máxima transparência", afirmou Nyusi esta sexta-feira.
Os votos da RENAMO
Por seu turno, o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, eleito para o cargo há mais de um ano, disse que se abre caminho para o alcance da paz.
"É nosso entendimento que o lançamento do DDR deve simbolizar a vontade genuína de ambas partes em coabitar politicamente para juntos estabelecermos uma plataforma de diálogo, que visa alcançar o desenvolvimento do nosso país que todos nós almejamos", diz Momade.
Os homens desarmados começaram a regressar às suas zonas de origem na quinta-feira (04.06). O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração retoma numa altura em que uma fação armada da RENAMO continua nas matas a contestar a liderança do partido.
As ameaças da "Junta Militar"
Esta sexta-feira (05.06), o líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, prometeu dias duros, dizendo que o DDR não tem pernas para andar.
Para Mariano Nhongo, "se Ossufo entregou essas armas […] é fácil destruir a RENAMO… Está a enganar a FRELIMO, como ele é traidor…". E o líder dissidente ameaça: "As armas que eles levaram, eles vão levar, mas a 'Junta Militar' e o povo vão recuperar todas as armas. Ossufo é nosso inimigo."
As autoridades moçambicanas acusam a "Junta Militar" de estar por trás dos ataques no centro do país. Mariano Nhongo já reivindicou muitos deles. A RENAMO afasta-se dos incidentes, afirmando que essa é uma questão que deve ser resolvida pelo Estado moçambicano.