Moçambique: Faltam docentes e mesas no início do ano lectivo
5 de fevereiro de 2018Mais de sete milhões e seiscentos mil alunos estão matriculados para frequentar os ensinos primário e secundário este ano em Moçambique. O número representa um aumento de cerca de 400 mil alunos inscritos, comparativamente ao ano passado.
Dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano indicam que o sector contratou este ano mais de cinco mil novos professores, dos quais quatro mil foram integrados no sector primário. Com estas contratações, o ensino primário vai passar a contar com cerca de 90 mil professores. No entanto, ainda faltam docentes.
"Vamos continuar com um défice de cerca de 14 mil professores para o primeiro nível do ensino primário", diz Manuel Simbine, porta voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, que justifica a falta com "os limites orçamentais". Simbine diz que "o sector vai fazer a gestão”, garantindo que "nenhuma turma vai ficar sem professor porque as crianças têm de ser lecionadas".
Alunos sentados no chão
O novo ano lectivo vai também continuar a ser de dificuldades para muitas crianças que serão obrigadas a estudar ao relento ou sentadas no chão, apesar do país ser rico em florestas.
O sector da educação vai contar este ano com 400 novas salas de aula e 50 mil carteiras – um número, no entanto, insuficiente para satisfazer a demanda.
A situação vai ficar minimizada em parte com o fabrico de mais de 10 mil carteiras resultantes de uma operação levada a cabo pelo governo em 2017 que permitiu apreender quantidades consideráveis de madeira que já estava preparada para ser exportada ilegalmente.
A capital, Maputo, é uma das regiões com menos problemas, conforme indicações do Director da Educação e Desenvolvimento Humano, Artur Dombo: "A cidade de Maputo estará bem apetrechada. Todos os alunos vão sentar dois a dois como mandam as normas".
Livros em braile
Uma inovação neste novo ano lectivo será a introdução de livros para crianças em braile, um sistema de escrita táctil utilizado por pessoas cegas ou com problemas graves de visão.
O docente Eduardo Inzenzela considera importante a introdução deste sistema e afirma que "o ensino inclusivo começa a ser vincado neste processo de ensino. É uma mais valia também para as crianças que ficavam delegadas para o segundo plano, uma vez que não havia esta condição".
O professor lembra ainda que este "é também um desafio para o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano: formar docentes nesta área, independentemente do seu estado físico".