Moçambique e Malawi preparam ajuda a refugiados moçambicanos
17 de fevereiro de 2022O Governo moçambicano está a trabalhar com as autoridades do Malawi para prestar assistência "o mais breve possível" aos refugiados moçambicanos da tempestade Ana no país vizinho. A garantia é do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), que admite que a ajuda humanitária prestada até agora pelas autoridades do Malawi não é suficiente.
O INGD aponta um plano de ação conjunto para resolver a situação precária nos centros de acolhimento - incluindo o envio de uma brigada moçambicana ao terreno. Em entrevista à DW África, a porta-voz do INGD, Nelma de Araújo, não confirma o número de moçambicanos deslocados no Malawi, admitindo que possa até ultrapassar os 2.500 apontados por vários meios de comunicação nos últimos dias.
DW África: Vários meios de comunicação apontam para a presença de 2.500 refugiados no Malawi na sequência da tempestade Ana. O INGD confirma este número?
Nelma de Araújo (NA): O INGD tem, sim, conhecimento de que há refugiados moçambicanos que, após a tempestade tropical Ana, acabaram atravessando a fronteira para o Malawi. São moçambicanos da Zambézia, do distrito de Morrumbala, e da província de Tete, do distrito de Mutarara. Temos a certeza de são moçambicanos e estamos a acompanhar os informes. Mas, em termos de números, ainda há necessidade de se apurar quantas pessoas estão lá.
DW África: O jornal O País diz que estes refugiados se queixam de não terem sido contactados pelo Governo ou pela embaixada moçambicana. Há alguma justificação para esta demora?
NA: Eu não teria uma resposta precisa quanto à demora para a justificação. Mas sabemos que quando o Governo tomou conhecimento destes refugiados no Malawi, prontamente teve um encontro com [Ministério] dos Negócios Estrangeiros, com o objetivo de ter um diálogo oficial com o Governo do Malawi. E perceber, conjuntamente, como os dois governos poderão ultrapassar esta questão e prestar a assistência.
DW África: Está então a ser elaborado um plano de ação para ajudar estes refugiados em conjunto com as autoridades do Malawi?
NA: Exatamente. É preciso ter em conta dois aspetos. São moçambicanos, mas que estão em outro território. O Governo moçambicano quer logicamente participar com ajuda humanitária. Bens alimentares e não alimentares para poder prestar assistência a este grupo de moçambicanos. O problema foi a informação tardia. Agora que o Governo tem conhecimento do que está a acontecer, está a enviar todos os esforços para prestar assistência a este grupo. Não que tenha sido discriminado, ou vá ficar de lado, esquecido.
DW África: Falava há pouco da questão de ser um outro território. Isso dificulta a elaboração deste plano de ação?
NA: Não dificulta, porque se está a trabalhar em coordenação do Governo do Malawi e, do que tenho conhecimento, não está a dificultar nada. São só certos trâmites que, acredito, têm a ver com a cooperação entre países, que estão a ser observados, só isso. Sabemos que o Governo do Malawi está a assistir, mas não é suficiente. Então é preciso saber exatamente como o Governo moçambicano poderá participar, e o que é necessário para poder assistir estas pessoas.
DW África: Agora que já tomaram conhecimento da situação, estão em vista visitas aos centros de acolhimento no Malawi?
NA: Sim. A assistência humanitária não será apenas enviar os bens, alimentares ou não. É preciso que vá ao Malawi uma delegação moçambicana. Além disso, que esta assistência seja eficiente e eficaz. E, enquanto se prepara um plano um ação, que se tenha uma noção do número de pessoas - que pode ser maior, ou menor [do que as 2.500]. Mas é preciso tomar em consideração isso para prestar a assistência.
DW África: Já há alguma data em vista para esse efeito?
NA: Não posso adiantar uma data. Mas tenho certeza de que os Negócios Estrangeiros estão a coordenar com o Governo do Malawi, com instituições. O próprio INGD já participou de alguns encontros, no sentido de poder prestar assistência às famílias.