Moçambique: dirigente da RENAMO assassinado na Beira
11 de abril de 2016José Manuel, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança em representação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e membro da ala militar do maior partido da oposição, faz parte das três vítimas de um tiroteio que aconteceu este sábado (09.04), por volta das 23h30m locais.
A caminho de uma missão da RENAMO em Sofala, José Manuel tinha acabado de aterrar no Aeroporto Internacional da Beira, vindo de Maputo, com um acompanhante, pastor numa igreja. Pouco depois de aterrarem, pediram o serviço de um táxi-moto ("txopela"), para os transportarem até ao centro da cidade.
A cerca de 200 metros do aeroporto, três homens portadores de armas de fogo abordaram o veículo. José Manuel e o motorista terão morrido no local; o segundo ocupante perdeu a vida a caminho do Hospital Central da Beira.
“Ligaram-lhe [ao motorista] às 22 horas para ir buscar um passageiro ao aeroporto. Depois de apanhar o passageiro, foram baleados logo que chegaram a esta zona. Daí só sei que o meu irmão morreu”, conta o irmão do motorista, que lamenta ainda a “demora na remoção dos corpos”.
Polícia continua sem pistas sobre os atiradores
O tiroteio aconteceu por volta das 23h30m. O porta-voz da polícia em Sofala, Daniel Macuacua, afirmou esta segunda-feira (11.04.) em conferência de imprensa que um processo foi aberto contra desconhecidos. “A polícia da 9.ª esquadra, no bairro do Aeroporto, foi chamada para atender ao caso de homicídio voluntário que aconteceu na via pública”, afirmou o porta-voz da polícia.
Macuacua adiantou ainda que a Polícia continua “diligenciando para encontrar os autores deste crime, para a posterior responsabilização. Os autos foram lavrados, retratando todos os factos constatados no terreno”.
O maior partido da oposição moçambicana lamenta o assassinato do membro do seu partido. António Muchanga, porta-voz da RENAMO, declarou à imprensa que o incidente está em linha com uma alegada operação de perseguição e execuções de membros do partido de oposição. “Tomámos conhecimento de que o nosso colega foi crivado de balas, quando saía do aeroporto para a cidade na Beira”, afirmou Muchanga, que espera que o Conselho Nacional de Defesa e Segurança de Moçambique “e a polícia esclareçam a morte do nosso colega”.
Em janeiro, Manuel Bissopo, secretário-geral da RENAMO, também foi baleado na cidade da Beira. O incidente continua por esclarecer.
Este tiroteio aconteceu no mesmo dia em que dirigentes políticos, incluindo o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e religiosos moçambicanos clamaram pela paz e reconciliação dos dois partidos.
As declarações foram feitas durante as exéquias fúnebres de Jaime Gonçalves, arcebispo emérito da Beira e mediador católico dos acordos de Roma, em 1992, que selaram 16 anos de guerra civil.
Os conflitos entre o Governo e o principal partido da oposição intensificaram-se nos últimos meses. No final de março chegou ao fim o prazo dado pela RENAMO para governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.