Denúncias de irregularidades nas Intercalares em Nampula
24 de janeiro de 2018Conforme o previsto, as assembleias de votos encerraram por volta das 18 horas locais, altura em que se iniciou a contagem dos votos. Mas a votação, segundo alguns partidos políticos, foi manchada por muitas irregularidades, nomeadamente a inclusão de novos cadernos eleitorais que não contemplaram nomes de muitos eleitores.
A denúncia foi feita por Luisa Marroviça, fiscal do processo e membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda maior força da oposição: ‘‘Os partidos políticos receberam da CNE cadernos originais e nós exibimos, estão nas mesas, mas o presidente da mesa e a sua companhia tem um caderno falso. E nós confrontamos com os cadernos que temos e estamos a ver que estão a brincar connosco."
Agastada a fiscal do MDM afirma ainda: "Todos os eleitores veem e voltam e os que ali estão a votar são eleitores que eles trouxeram com cartão de recenseamento falso e isso não pode acontecer. Não queremos essas brincadeiras''.
Também Mário Albino Muquissice, candidato da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral - Nampula (AMUSI), lamentou a forma como decorreu a votação.
"As pessoas não conseguem encontrar os seus nomes [nos cardenos eleitorais], mas vamos a tempo de resolver o problema, porque estamos a seguir caso a caso", diz, inconformado.
Mesmo assim Muquissice está otimista: "Mas a expetativa para nós é a vitória, apesar da presença massiva das pessoas de outros distritos que vieram votar."
STAE minimiza irregularidades
Um caso de um eleitor proveniente de outro distrito verificou-se na Escola Comunitária de Malimusse. Unazi Ossumane é presidente da mesa onde se deu a irregularidade afirma que muitas foram as vezes em que o processo de votação foi interrompido.
"Há nomes que constam no nosso caderno principal, mas os delegados não possuem esses nomes. Já falamos com o STAE, o Secretariado Técnico Eleitoral, e quando veio negociou com os delegados para fazerem a reclamação por escrito", conta Ossumane.
E o presidente da mesa lamenta: "Eu não estou a perceber como se pode trabalhar assim. Quando recebemos os eleitores consultamos os cadernos, mas não encontramos os seus nomes e é por isso que os delegados mandaram paralisar a mesa."
Mas Comissão Provincial de Eleições desdramatizou a situação. Daniel Ramos é diretor da CNE em Nampula e disse: "Estamos a fazer uma avaliação positiva, a olhar pelo número de pessoas que estão nas bichas de votação em todos os lugares por onde passamos, a avaliar pela acalmia que se está a registar em todos os lados. Com relação aos cidadãos que não encontram os nomes [nos cadernos eleitorais], uns é porque na devida altura em que lhes estão a mostrar os cadernos não foram atempadamente ver se os nomes estavam lá ou não.''
Baixa participação, diz o CIP
Entretanto, o Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, alertou que as eleições foram caraterizadas por "desorganização, atrasos e baixa participação".
Para o CIP, a principal razão foi "a demora da chegada do material aos postos de votação, mas houve também casos de troca de cadernos [eleitorais] entre mesas de voto". Como resultado, houve "confusão" e "algumas enchentes em certas mesas" que demoraram a abrir, nota o CIP.
Participaram nas eleições intercalares os três partidos com assento parlamentar, FRELIMO, RENAMO e MDM, para além do AMUSI e PAHUMO. O candidato que vencer sucederá a Mahamudo Amurane, presidente do município morto a tiro à porta de casa a 4 de outubro de 2017.
Os resultados parciais devem ser anunciados nesta quinta-feira (25.01.).