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Moçambique: Perspetivas económicas são boas a médio prazo

Maria João Pinto
28 de novembro de 2016

Gabinete de estudos do BPI mantém olhar positivo sobre a economia moçambicana, apesar do "momento complicado" no país. Analista defende recuperação da confiança dos agentes económicos e reestruturação da dívida.

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Mosambik - Metical
Foto: DW/M. Sampaio

Moçambique atravessa um momento complicado, mas as perspectivas económicas são boas a médio e longo prazo. A conclusão é do departamento de estudos económicos e financeiros do Banco Português de Investimento (BPI), que frisa a importância de recuperar a confiança das instituições e doadores internacionais, que congelaram as ajudas financeiras após a divulgação das "dívidas ocultas” do Governo moçambicano.

Tendo em conta a actual crise da dívida em Moçambique, pedimos a Vânia Duarte, analista do gabinete de estudos do BPI, que explicasse à DW África estas previsões positivas em reclação à economia moçambicana.

DW África: As previsões positivas, olhando o momento actual da economia do país, podem parecer, de certa forma, supreendentes. Pode explicar-nos esta conclusão do gabinete de estudos do BPI?

Vânia Duarte (VD): São positivas, mas contidas. Positivas no sentido de, se tudo correr bem, se os projetos de gás natural forem para a frente, Moçambique tem esse potencial. São otimistas, mas não demasiado otimistas. Portanto, um otimismo contido.

DW África: Antecipam um "baixo crescimento” económico para este e para o próximo ano. Que fatores estão na origem desta previsão? E o que é que muda, a médio e longo prazo?

VD: As questões de baixo crescimento têm muito a ver com esta questão que paira sobre o país de baixa confiança dos agentes económicos e a desconfiança que existe dos doadores internacionais. Isso pode colocar algumas questões, visto que o país recebia alguns montantes de dinheiro que ajudavam a levar a cabo alguns projetos. Era uma forma de suporte ao Orçamento do Estado e, já no próximo ano, prevê-se uma queda desses donativos. Isso também restringe em parte a atividade económica, porque o Estado não consegue desenvolver os projetos que inicialmente tinha previsto e isto vai ter algum impacto. Toda esta questão de desconfiança que afeta os próprios agentes económicos do país, tudo isto coloca as pessoas de pé atrás: não consomem como era suposto, estão "à espera". Espera-se que haja aqui uma melhoria na questão da transparência. Temos visto um enorme esforço por parte das autoridades do país em mostrarem-se mais transparentes depois da questão da dívida que veio a ser divulgada posteriormente e isso pode ser importante, até mesmo na questão da concessão dos donativos.

Entrevista BPI (OL) - MP3-Stereo

DW África: Esta perspectiva mais positiva a médio e longo prazo depende então da recuperação da confiança entre Moçambique e as instituições internacionais e doadores?

VD: Nomeadamente na relação com o FMI. Se conseguirem levar a cabo a questão da reestruturação da dívida e conseguirem chegar a acordo com o FMI para o desembolso da outra parte de uma tranche que tinha ficado congelada, isto também será positivo. Portanto, ter boas relações com o FMI deve ser visto como positivo por parte dos agentes económicos. Isso será realmente um fator importante

DW África: Como é que vê este processo? O que é que o país terá de fazer para recuperar esta confiança e que dificuldades pode esperar?

VD: A recuperação da confiança  por parte dos credores será um processo demorado e ao mesmo tempo exigente. Depois daquilo a que se assistiu levará tempo para que o país ganhe novamente a confiança dos parceiros. Antes de mais, será finalizar a auditoria às empresas detidas pelo Estado e transmitir de forma transparente as conclusões. Creio que esta auditoria já está a ser feita. No curto prazo, também seria importante chegar a acordo com os credores sobre a reestruturação da dívida para, posteriormermente, conseguirem negociar junto do FMI sobre o novo programa. E neste sentido, com a reestruturação da dívida, eventualmente conseguir que a dívida pública moçambicana comece a desenhar uma tendência de queda e de sustentabilidade para que os credores voltem novamente a financiar o Estado. Acho que é um processo demorado e que vai exigir do Governo muita transparência, a comunicação das principais conclusões das auditorias. Pôr tudo claro para que os credores voltem a acreditar no país.

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Foto: DW/M. Sampaio
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