Alfabetizadores de adultos pedem aumento dos subsídios
2 de outubro de 2019Os alfabetizadores em Cabo Delgado queixam-se da falta de incentivos do Governo. Muitos deles não têm outras ocupações e contam apenas com um subsídio mensal do Estado de 650 meticais (cerca de 9,60 euros). "Esse subsídio é muito pouco", comenta a alfabetizadora Isabel Carlos Luís.
O montante não chega para suprir os gastos básicos do mês. "Nós recebemos só 650 meticais. O arroz começa de 900 meticais (13 euros) para lá, o balde de milho está a 200 (3 euros) e o saco de carvão está a 250 (3,70 euros). Com 650 não chega para nada, mas mesmo assim nós vamos avante", afirma.
Pedidos de aumentos
Os alfabetizadores pedem ao Governo que aumente o seu rendimento para, pelo menos, o salário mínimo nacional, que, no setor da Função Pública, ronda os 4.500 meticais (cerca de 65 euros).
Para além da questão do salário, os alfabetizadores alertam também para a falta de material didático, incluindo manuais de ensino.
Ancha Macário, de 21 anos de idade e uma das beneficiárias do programa de alfabetização, está solidária com a luta dos alfabetizadores. E lembra a importância do programa: "Eu não sabia ler nem escrever. Assim, consigo ler mensagens, textos, cartas e é vantajoso. É muito importante estudar", diz em entrevista à DW África.
Na província de Cabo Delgado, a taxa de analfabetismo é de 60,7% num total de 2,3 milhões de habitantes, de acordo com o Censo da População de 2017.
Daúdo Ussuhale, diretor provincial de Educação e Desenvolvimento Humano em Cabo Delgado, garante que está ciente dos problemas de todos os que se decidiram voluntariar para combater o analfabetismo, e promete encontrar soluções. Mas, segundo Ussuhale, o aumento do subsídio para os alfabetizadores é um assunto que depende do Governo central.
"A questão do subsídio é uma questão da Nação", diz. "Todos os anos temos estado a analisar, há dois ou três anos houve uma subida, mas o Governo está a trabalhar para isso e vamos ver se, nos próximos anos, sobe um bocadinho."