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Militares africanos e internacionais no combate ao terror

António Cascais/Maria João Pinto2 de fevereiro de 2016

Tropas participam de exercício militar que envolve unidades anti-terroristas e é realizado anualmente há dez anos. De 8 a 29 de fevereiro de 2016, os soldados vão aprender como proteger melhor a população civil.

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Exército nigeriano contra o grupo radical islamista Boko HaramFoto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

"Flintlock"- é o nome de um exercício militar que envolve unidades anti-terroristas africanas, europeias e norte-americanas. Entre os países africanos, participam Algéria, Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tunísia.

No total, cerca de mil e 700 soldados deverão participar nos exercícios, no Senegal e na Mauritânia, sobre como proteger melhor a população civil. O treinamento é coordenado pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM), que dirige as suas operações internacionais desde 2008 a partir de Estugarda, na Alemanha.

O porta-voz do ministério do Interior do Senegal, Henry Cissé, considera que o exercício militar é positivo.

"Não podemos dizer que não há problemas. Não podemos fechar os olhos. Há uma ameaça que afeta os países da região e o Senegal. O risco de ataques é muito alto e as forças de segurança estão a tentar responder com os poucos recursos de que dispõem," avalia.

Nigeria Soldaten Boko Haram ARCHIVBILD
Soldados da Nigéria participam do exercício militar Flintlock em 2014, em Diffa, no NigerFoto: Reuters

A assistência internacional é, por isso, bem-vinda.

Coligação anti-terrorista

Vários analistas têm vindo a defender a importância de uma coligação anti-terrorista internacional na África Ocidental. O continente tem sofrido com os ataques de grupos radicais islâmicos como o Boko Haram ou a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico.

Quase semanalmente há mortes na região. Além do norte da Nigéria, o Boko Haram realiza cada vez mais atentados no Chade, Niger e Camarões. O terror já chegou também ao Mali: o ataque a um hotel de Bamaco, em novembro passado, resultou em pelo menos 20 mortos.

Os observadores deixam o alerta: os grupos extremistas podem voltar a sua atenção para países que ainda não foram alvo de ataques terroristas. Foi o que aconteceu recentemente no Burkina Faso. No início do ano, em Ouagadougou, 30 pessoas morreram num atentado a um hotel.

Burkina Faso - Anschlag auf Splendid Hotel in Ouagadougou
No início do ano, 30 pessoas morreram num atentado a um hotel, em Ouagadougou, no Burkina FasoFoto: Getty Images/AFP/A. Ouoba

Segundo um professor da Universidade de Hamburgo, que prefere manter o anonimato, um dos países mais vulneráveis é o Senegal – que, ao lado da Mauritânia, acolhe o exercício Flintlock deste ano.

O porta-voz do ministério do Interior do Senegal, Henry Cissé, admite que ainda há muito trabalho a fazer ao nível da segurança:

"Até agora, houve apenas alguns seminários sobre a prevenção do terrorismo, envolvendo especialistas em segurança de vários países da região. Mas a cooperação não vai longe o suficiente. É tudo o que posso dizer sobre esta questão, neste momento," revela.

Estados em alerta

Senegalesische Soldaten Armee
Soldados do exército senegalês antes de embarcar para o Mali, em 2013, para ajudar no combate a rebeldes islamistasFoto: Getty Images/AFP/Behan

Numa operação em grande escala, na semana passada, as forças de segurança senegalesas detiveram mais de 500 suspeitos de terrorismo. Recentemente, o exército reforçou a sua presença nas fronteiras, especialmente com a Mauritânia e o Mali – o principal alvo dos extremistas da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico.

Esta segunda-feira (01.02), o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Cabo Verde manifestou-se preocupado com a segurança das ilhas do Sal e da Boavista, devido aos alertas sobre possíveis ataques nos vizinhos Senegal e Costa do Marfim.

O major-general Alberto Barbosa Fernandes expressou esta preocupação ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo das Forças Armadas, pedindo que o chefe de Estado tome medidas no sentido de aumentar a segurança, assinalando que Cabo Verde tem "fronteiras permissivas".

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