Militares africanos e internacionais no combate ao terror
2 de fevereiro de 2016"Flintlock"- é o nome de um exercício militar que envolve unidades anti-terroristas africanas, europeias e norte-americanas. Entre os países africanos, participam Algéria, Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Nigéria, Senegal, África do Sul e Tunísia.
No total, cerca de mil e 700 soldados deverão participar nos exercícios, no Senegal e na Mauritânia, sobre como proteger melhor a população civil. O treinamento é coordenado pelo Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM), que dirige as suas operações internacionais desde 2008 a partir de Estugarda, na Alemanha.
O porta-voz do ministério do Interior do Senegal, Henry Cissé, considera que o exercício militar é positivo.
"Não podemos dizer que não há problemas. Não podemos fechar os olhos. Há uma ameaça que afeta os países da região e o Senegal. O risco de ataques é muito alto e as forças de segurança estão a tentar responder com os poucos recursos de que dispõem," avalia.
A assistência internacional é, por isso, bem-vinda.
Coligação anti-terrorista
Vários analistas têm vindo a defender a importância de uma coligação anti-terrorista internacional na África Ocidental. O continente tem sofrido com os ataques de grupos radicais islâmicos como o Boko Haram ou a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico.
Quase semanalmente há mortes na região. Além do norte da Nigéria, o Boko Haram realiza cada vez mais atentados no Chade, Niger e Camarões. O terror já chegou também ao Mali: o ataque a um hotel de Bamaco, em novembro passado, resultou em pelo menos 20 mortos.
Os observadores deixam o alerta: os grupos extremistas podem voltar a sua atenção para países que ainda não foram alvo de ataques terroristas. Foi o que aconteceu recentemente no Burkina Faso. No início do ano, em Ouagadougou, 30 pessoas morreram num atentado a um hotel.
Segundo um professor da Universidade de Hamburgo, que prefere manter o anonimato, um dos países mais vulneráveis é o Senegal – que, ao lado da Mauritânia, acolhe o exercício Flintlock deste ano.
O porta-voz do ministério do Interior do Senegal, Henry Cissé, admite que ainda há muito trabalho a fazer ao nível da segurança:
"Até agora, houve apenas alguns seminários sobre a prevenção do terrorismo, envolvendo especialistas em segurança de vários países da região. Mas a cooperação não vai longe o suficiente. É tudo o que posso dizer sobre esta questão, neste momento," revela.
Estados em alerta
Numa operação em grande escala, na semana passada, as forças de segurança senegalesas detiveram mais de 500 suspeitos de terrorismo. Recentemente, o exército reforçou a sua presença nas fronteiras, especialmente com a Mauritânia e o Mali – o principal alvo dos extremistas da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico.
Esta segunda-feira (01.02), o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Cabo Verde manifestou-se preocupado com a segurança das ilhas do Sal e da Boavista, devido aos alertas sobre possíveis ataques nos vizinhos Senegal e Costa do Marfim.
O major-general Alberto Barbosa Fernandes expressou esta preocupação ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos de ano novo das Forças Armadas, pedindo que o chefe de Estado tome medidas no sentido de aumentar a segurança, assinalando que Cabo Verde tem "fronteiras permissivas".