Milhares de migrantes encontrados presos na Líbia
8 de outubro de 2017A milícia, conhecida como Anti-ISIS Operation Room (Sala de Operações Anti-Estado Islâmico, na tradução literal para o português), tomou o controle de Sabrata, cidade a oeste da costa do Mediterrâneo da Líbia, do grupo armado al-Ammu - após cerca de duas semanas de combates pesados.
Os confrontos causaram a morte de 39 pessoas e 300 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde do Governo de Unidade. A agência Associated Press fala em "centenas de mortos".
Este domingo (08.10), o porta-voz da milícia vitoriosa, Saleh Graisia, relatou à agência de notícias AP ter encontrado mais de 4.000 migrantes em vários locais da cidade, onde ficaram presos devido aos confrontos.
No entanto, no sábado (07.10), Bassem Ghrabli, comandante de uma força aliada ao Governo de Unidade, havia declarado à agência AFP terem sido presos "3.150 imigrantes ilegais de diferentes nacionalidades asiáticas, árabes e africanas".
Envolvimento italiano
Os contrabandistas humanos da Líbia há muito tempo usam Sabrata como uma base de operações e um porto principal para os seus barcos, em frente ao Mar Mediterrâneo. No início deste ano, a Itália decidiu fazer um acordo com a milícia al-Ammu, prometendo-lhes dinheiro e apoio logístico se concordassem em cortar o fluxo de migrantes.
O acordo causou a queda drástica do número de migrantes. No entanto, como o apoio italiano ameaçou enfraquecer o equilíbrio de poder na região volátil, as forças rivais decidiram atacar o grupo al-Ammu.
No domingo, representantes do Anti-ISIS Operation Room disseram que a milícia al-Ammu estava aprisionando migrantes para deportá-los mais tarde.
No mesmo dia, o ativista Essam Karrar, da Federação da Sociedade Civil Sabrata, disse que a milícia estava realmente tentando deportar os migrantes. A cidade estava agora "curando suas feridas" após os confrontos.
"Nós, as pessoas em Sabrata, fomos apenas ferramentas nas mãos dos europeus", disse ele.
A Líbia afundou no caos após o fim da ditadura de Muammar Kadhafi, em 2011. Três governos diferentes ainda disputam o controle do país.