Metuge: Terroristas matam e geram pânico na população
29 de janeiro de 2024O crime ocorreu no sábado (27.01), quando a vítima se encontrava no seu campo de produção agrícola, a 40 quilómetros da sede do distrito de Metuge, disseram à Lusa fontes da comunidade.
"Isso aconteceu durante a noite. Os terroristas interpelaram a vítima na sua ‘machamba' [campo agrícola] e depois decapitaram-na", declarou um vizinho da vítima.
Após notar a presença dos rebeldes, algumas pessoas decidiram abandonar a área, tendo-se refugiado na sede distrital de Metuge.
"A minha família e eu saímos da 'machamba', a situação não está boa", afirmou uma residente local, mãe de sete filhos.
O novo óbito foi confirmado pelo administrador distrital de Metuge, Salésio Manuel Paulo.
"Na verdade, existe movimentação de terroristas no distrito", admitiu o administrador de Metuge, citado pelo Jornal O País, sem muitos detalhes.
População em pânico
A incursão de rebeldes em Metuge, a menos de 40 quilómetros da capital provincial (Pemba), gerou alguma agitação no distrito, que acolhe o principal centro de acolhimento de deslocados devido aos ataques rebeldes em Cabo Delgado.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou na sexta-feira (26.01) uma posição da Força de Intervenção Rápida (FIR) no distrito de Metuge, reconhecendo que os terroristas tentam agora "outras formas de desestabilização".
No mesmo dia, um grupo de quase 50 terroristas foi visto pelas populações atravessando a estrada Nacional 1 (N1), entre as aldeias Nanlia e Impriri, no distrito de Metuge, disse à Lusa um líder comunitário, com fontes locais a suspeitarem que o grupo se dirigia à vizinha província de Nampula, alegadamente para recrutar novos membros.
A movimentação dos grupos terroristas nos últimos dias também foi observada no distrito de Quissanga, perto dos campos de produção agrícola junto ao distrito de Metuge, e criou pânico e levou as populações de Nampipi a abandonar as atividades.
Líderes locais e populares admitem que a movimentação dos terroristas esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.