Maus tratos na cadeia de Cabinda terminam em motim
26 de janeiro de 2015Os mais de 300 reclusos rebelaram-se nesta segunda-feira (26.01) contra as autoridades devido a constantes maus tratos e à escassez de alimentos naquela unidade penitenciária, de acordo com informações colhidas pela DW África no terreno,
Os reclusos rebentaram os portões da prisão e alguns deles evadiram-se. A situação levou a intervenção das forças de segurança que alvejaram alguns reclusos. Também há registo de feridos graves.
Não há ainda qualquer informação sobre perdas humanas, tal como confirma o ativista cívico do enclave de Cabinda, Francisco Luemba, que acompanha de perto o caso: "Pouco mais de 300 recluso participaram nessa amotinação porque estão ofendidos. Nas últimas semanas têm passado fome, não há comida e têm sido submetidos a maus tratos."
Ainda de acordo com Luemba, eles "amotinaram-se, tiraram os portões da cadeia e sairam. A guarda da unidade penitenciária, certamente a equipa que estava de serviço e uns agentes da Polícia de Intervenção Rápida dispararam contra os amotinados, houve vários feridos."
Na cadeia, uma cama para três ou quatro reclusos
Sobre esta situação a Ordem dos Advogados de Angola (OAA) diz ter ficado profundamente preocupada, argumentado que estão a ser violados os direitos humanos naquela unidade penitenciária.
O presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados em Cabinda, Arão Tempo, descreveu a situação no terreno como de “extremamente grave”.
E Tempo revela: "Aqui em Cabinda, de facto, o que ocorre é que as condições são desumanas, porque numa só cama é capaz de dormir três ou quatro reclusos porque aquilo está superlotado. Assim não se pode dignificar a própria condição humana lá nas cadeias."
O presidente do conselho provincial da OAA prossegue explicando como funciona o revesamento: "Há os que dormem e outros que estão acordados, e quando alguns acordam os que estão a aguardar ocupam o lugar para também poderem dormir e assim sucessivamente."
OAA promete averiguar
O presidente do conselho provincial da Ordem dos Advogados de Cabinda, adiantou, por outro lado, que aquela instituição já redigiu uma carta com o intuito de exigir esclarecimentos junto das autoridades locais e manifestou a intenção da Ordem dos Advogados deslocar-se a cadeia central do Yabi, para averiguar o caso.
"Estou agora a redigir documentos para que o procurador provincial, que tem o poder de fiscalização da prisão, e também o comandante da Polícia que autorize o conselho provincial da Ordem dos Advogados dirigir-se in loco para se inteirar de toda e qualquer situação que ocorreu lá na cadeia."
Até ao momento as autoridades políciais ainda não se pronunciaram sobre o sucedido. A DW África tentou obter uma reação junto do comandante geral da Polícia Nacional, o comissário-geral Ambrósio de Lemos, mas este não atendeu os nossos telefonemas.