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Marrocos elogiado internacionalmente na luta contra Covid-19

Dunja Sadaki | rl
25 de maio de 2020

Há dois meses que Marrocos se encontra em estado de emergência. As fronteiras estão fechadas e nas ruas a polícia e os militares controlam o recolher obrigatório. País regista cerca de 7.000 casos positivos e 197 mortes.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/M.Elshamy

À  semelhança de grande parte dos países do continente africano, também em Marrocos o sistema de saúde é fraco. Razão pela qual o país optou por antecipar a chegada da Covid-19. "Vimos que países como a França, a Espanha ou a Itália tomaram decisões demasiado tarde. Marrocos decidiu antecipar-se porque sabia que o sistema de saúde não conseguiria lidar com uma inundação de casos", explica Tayeb Hamdi, presidente da Associação Médica Marroquina.

"O recolher obrigatório ajudou a controlar a situação - pode dizer-se que conseguimos aplanar a curva. Neste momento, a situação nos hospitais é calma. A taxa de mortalidade desceu", acrescenta Tayeb Hamdi.

"A capacidade dos hospitais está longe de estar esgotada", afirma Mohamed El Youbi, chefe do Departamento de Epidemiologia e Controlo de Doenças do Ministério da Saúde do país. É a este homem, também conhecido como o "Sr. Corona" de Marrocos, que tem estado entregue a missão de informar a população sobre o curso da pandemia.

Segundo Mohamed El Youbi, atualmente, apenas 23% dos casos nos hospitais são de pacientes com Covid-19. "Os casos graves, que diminuíram significativamente nas últimas semanas, representam 13% das camas de cuidados intensivos, estando a ser disponibilizados ventiladores aos casos particularmente graves", explica.

Marokko Rabat | Coronavirus | Marokko im Lockdown
Militares controlam o recolher obrigatório em RabatFoto: imago images/Xinhua

Números baixos e medidas controversas

Quando comparados com outros países, os números oficiais do coronavírus em Marrocos são baixos. Com 35 milhões de habitantes, o país regista cerca de 7.000 casos positivos e 197 mortes. No entanto, testou apenas cerca de 100.000 pessoas.

Mas o preço a pagar pelas medidas preventivas adotadas é elevado, principalmente no que diz respeito à economia. Por isso, o Rei Mohammed VI anunciou um pacote de mais de três mil milhões de euros para ajudar a população.

Um montante que, de acordo com o economista Rachid Aourraz, está longe de ser suficiente. "Temos normalmente três pilares de divisas (no país): as remessas dos marroquinos para o estrangeiro, o turismo, que foi totalmente interrompido, e as nossas exportações para o estrangeiro. As três fontes estão em crise", sublinha.

Para além do recolher obrigatório, que tem sido alvo de algumas críticas, o país adotou outras medidas controversas, que segundo as organizações de direitos humanos são questionáveis. Uma delas é a utilização de drones por parte das autoridades. 

"Os drones são utilizados para diversos fins, como por exemplo, a sensibilização nas ruas através de altifalantes. Detetam pessoas que não respeitam o recolher obrigatório e também desinfectam locais públicos. No futuro, serão ainda capazes de detetar pessoas com temperaturas corporais anormais em locais públicos", afirma Yassine Qammous, diretor-geral da DroneWay Marroco.