Maputo: Apoiantes preparam recepção calorosa a Mondlane

Os apoiantes Venâncio Mondlane entrevistados pela DW, em Maputo, demonstram grande otimismo em relação ao regresso do político a Moçambique, depois de mais de dois meses em parte incerta. Contudo, o ambiente também é marcado por apreensão, que reflete as tensões políticas que têm caraterizado o clima no país desde o início das manifestações pós-eleitorais, a 21 de outubro.

Os receios decorrem principalmente aos violentos confrontos registados entre populares e a polícia no âmbito dos protestos. Apesar disso, a expetativa é de que a chegada de Mondlane ocorra de forma pacífica, com uma recepção calorosa organizada pelos seus apoiantes, mesmo em meio a um ambiente político hostil.

"A chegada dele renova a nossa esperança depois de muito tempo sem informações exatas sobre ele," diz Fátima Pinto, de 20 anos.

"Espero que a chegada dele não seja um problema e que a polícia deixe a população o receber como deve ser, sem balas e sem gás lacrimogéneo," apela Américo Bule, de 52 anos.

Verdade e reconciliação

Enquanto isso, o pesquisador João Feijó destaca que as autoridades moçambicanas têm o dever de criar condições para que Mondlane retorne ao país e continue a sua participação na vida política.

"Que haja uma amnistia não só para ele, Venâncio Mondlane, que também deve reconhecer alguns excessos. Todos serem amnistiados. Portanto, uma reconciliação passa pelo reconhecimento da verdade", defende.

Feijó alerta que isolar Mondlane pode trazer consequências graves para o país, dada a sua popularidade.

"Se quem está, neste momento, a dirigir o país tem uma figura de Estado, deve perceber que esta figura tem um carisma enorme, com uma visibilidade social muito forte e uma capacidade de sabotar por completo a economia," salienta.

A chegada de Venâncio Mondlane representa não apenas um marco importante no cenário político atual, mas também um teste para o compromisso das autoridades e da sociedade moçambicana para com a promoção da paz e estabilidade no país.