Níger: Manifestação exige saída de tropas francesas do país
19 de setembro de 2022A manifestação, autorizada pelas autoridades municipais de Niamey, e organizada pelo Movimento M62, terminou com uma reunião junto à Assembleia Nacional. "Exigimos a saída imediata da Força Barkhane, que está a alienar a nossa soberania e a desestabilizar o Sahel. Hoje, França está a impedir qualquer possibilidade de cooperação baseada na confiança entre o Níger e o Mali, de forma a travar o terrorismo – que é apenas uma invenção, uma criação francesa desde o assassinato de Kadhafi", disse Seydou Abdoulaye, coordenador do M62, um movimento que reúne organizações da sociedade civil.
Forçada a sair do Mali, a força francesa Barkhane — cujo último soldado saiu do país na passada segunda-feira (12.09) — continuará presente no Sahel, mais particularmente no Níger, um dos principais aliados de França na região.
Deputados autorizaram forças estrangeiras
Em abril, os deputados nigerinos votaram a favor de um texto que autorizava o destacamento de forças estrangeiras, nomeadamente francesas, no país para combater o extremismo islâmico.
No entanto, nos últimos meses, várias manifestações anti-francesas tiveram lugar na região do Sahel, nomeadamente no final de novembro de 2021, quando um comboio militar da Barkhane foi bloqueado e apedrejado no Burkina Faso e depois no Níger. Três manifestantes foram então mortos por disparos atribuídos pelo Governo nigerino a forças do Níger ou de França.
Seydou Abdoulaye exige ao Governo do Presidente Mohamed Bazoum que expulse do país a força do antigo poder colonial. "Acreditamos que os nossos países são capazes e têm os meios para garantir a sua segurança sem recorrer a qualquer tipo de força, incluindo da Rússia", frisou.
Ataques regulares
O Níger enfrenta ataques regulares de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico no Sahel, a oeste, e ao grupo Boko Haram e ao Estado Islâmico na África Ocidental, a sudeste.
Na sexta-feira (16.09), o Estado Islâmico reivindicou pela primeira vez a responsabilidade de um ataque no norte do Benim, levado a cabo pela sua filial do Sahel, confirmando a expansão das suas atividades para o Golfo da Guiné.
Investigadores alertam que o extremismo violento que atormenta o Sahel avançou para sul e ameaça cada vez mais os países costeiros da África Ocidental.
O Níger alberga há anos várias bases militares estrangeiras, nomeadamente francesas e norte-americanas, dedicadas à luta contra os jihadistas na região.
"Disseram-nos que as bases estrangeiras tinham vindo para nos proteger dos terroristas, quando eles próprios são os terroristas. É a ‘pequena França' que é terrorista, digo-o alto e a bom som. Por isso hoje decidimos sair para dizer ‘não', para que o mundo inteiro saiba que não apoiamos a ‘pequena França', não a queremos. O nosso exército é suficiente", considera Aichatou Madi, um nigeriano que acusa a França de promover o terrorismo na região.