83.500 empregos até 2021 em Angola? Estudantes não acreditam
25 de agosto de 2020"Quanto a essa nova proposta estou cético, não acredito e penso ser mais uma campanha eleitoralista e uma forma do Estado vender esperanças, nós estamos cansados e a esperança que temos hoje não é a do verbo esperar, mas do verbo esperançar", afirma o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.
Para sustentar o seu ceticismo, o líder dos estudantes angolanos referiu que boa parte dos programas do Governo "não avança devido à excessiva partidarização", considerando que os programas em curso beneficiam "sobretudo jovens ligados à JMPLA", braço juvenil do partido no poder em Angola.
"Era preciso o Estado descentralizar e encontrar uma plataforma congregadora onde todos os jovens se revissem", defendeu.
500 mil empregos prometidos por JLo ainda são "miragem"
O Governo angolano prevê criar 83.500 empregos, até 2021, no âmbito do Plano de Ação para a Promoção da Empregabilidade (PAPE), aprovado em abril de 2019, anunciou o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
Num comunicado enviado esta terça-feira à agência de notícias Lusa, o ministério afirmou que os postos de trabalho serão criados no quadro do PAPE, cuja estratégia de operacionalização foi apreciada, na segunda-feira, durante a oitava reunião da comissão económica do Conselho de Ministros.
Na campanha eleitoral para as eleições de 2017, o candidato João Lourenço, atual Presidente de Angola, prometeu criar 500 mil novos empregos até ao final da legislatura, em 2022.
Segundo Francisco Teixeira, a nova promessa não passará disso mesmo, afirmando que a criação dos 500 mil empregos prometidos em 2017 "até agora ainda é uma miragem".
Os jovens continuam a ser os mais afetados na alta taxa de desemprego que o país regista.
Com vista a encontrar mecanismos para inverter a situação, o MEA promove, no sábado, em Luanda, uma mesa redonda sobre o "Desemprego como Fator de Instabilidade, Causas e Soluções".
De acordo com líder associativo, o encontro vai avaliar o processo de empregabilidade em Angola, "sugerir métodos e meios para mitigar a questão do desemprego no seio dos jovens e esclarecer a juventude sobre a importância do empreendedorismo cultural".
Francisco Teixeira disse ainda que está já em preparação a quinta manifestação nacional contra o desemprego em Angola agendada para 26 e 27 de setembro.
"Vamos fazer 48 horas na rua para exigir do Estado mais seriedade e mais responsabilidade na questão da empregabilidade", rematou.