Maior prisão de Manica toma medidas para travar coronavírus
26 de março de 2020O Estabelecimento Penitenciário Regional Centro de Manica, mais conhecido como "Cabeça do Velho", tem mais de 2000 reclusos. Para evitar a propagação do vírus na maior prisão da região, as visitas aos presos chegaram a ser suspensas no início da semana.
Mas com a visita do secretário do Estado em Manica, tudo mudou. Edson da Graça Macuácua recomendou à direção da penitenciária para não suspender as visitas. Basta cumprir critérios como o distanciamento de um metro entre as pessoas e a lavagem obrigatória das mãos.
"As medidas devem ser observadas não no sentido de impedir em si o contacto, mas no sentido de que o contacto tem de ser feito observando as normas e as medidas estabelecidas em termos de higiene pessoal, em termos de distanciamento social, obedecendo às distâncias já anunciadas entre as pessoas em contacto", afirmou o secretário.
A suspensão temporária das visitas provocou críticas entre os familiares dos detidos: "Pelo menos, [têm de] nos dar uns cinco minutos para ver os familiares e sair para dar a prioridade aos outros, porque mensalmente são só duas vezes as visitas", afirmou Maria Marcelina, uma das visitantes.
Algumas restrições de acesso
O secretário de Estado, que também é constitucionalista, esclareceu que o que está proibido é a entrada na cadeia de pratos, copos, talheres e outros objetos trazidos pelos visitantes.
"Em termos de interdição está a introdução de objetos externos que possam configurar algum risco de contaminação em termos de sujeição a todas outras medidas já foram anunciadas", anunciou.
Edson da Graça Macuácua visitou o estabelecimento prisional na terça-feira (24.03) para se inteirar das medidas que estão a ser tomadas para prevenir a contaminação dos reclusos pela Covid-19.
Medidas de consciencialização
Face à sobrelotação da cadeia, o secretário de Estado disse que é necessária mais celeridade para descongestionar o espaço.
A realização de palestras é outra das medidas de prevenção adotadas, explica Anita Júlio, enfermeira que trabalha no centro de saúde da prisão em Manica.
"Reforçámos a higiene pessoal e coletiva e o material higiénico para os internos. Por enquanto, havemos de minimizar. Para que possamos prevenir esta doença temos de aderir à lavagem das mãos, à higiene coletiva e também individual, porque se eles se precaverem, nós também estaremos bem. É melhor prevenir que tratar", afirmou a enfermeira.
Covid-19 em Moçambique
A doença está a alastrar-se rapidamente pelo continente africano. Em Moçambique, os casos confirmados do novo coronavírus subiram na quarta-feira de 3 para 5. Depois de terem sido diagnosticados, os pacientes estão a ser tratados em quarentena domiciliária.
As autoridades já identificaram 61 pessoas que tiveram contacto com as duas novas vítimas do vírus e recomendaram isolamento durante 14 dias para averiguar a evolução de um possível contágio.
Como medida de conter o avanço da doença no país, as autoridades de Moçambique suspenderam a emissão de vistos de entrada no território nacional e decretaram o encerramento das escolas por um período de 30 dias.