Guiné-Conacri: Líder da junta anuncia dissolução do Governo
20 de fevereiro de 2024"O Governo foi dissolvido", anunciou o porta-voz da junta, general Amara Camara, perante cerca de duas dezenas de militares fardados, alguns dos quais armados.
"Os assuntos correntes serão geridos pelos diretores de gabinete, secretários-gerais e secretários-gerais adjuntos até à formação de um novo Governo", acrescentou o general, que não deu qualquer razão para a dissolução do Governo que tomou o poder em 2022, nem uma data para o anúncio de um novo executivo.
O decreto, que implica a demissão do primeiro-ministro, Bernard Goumou, e de toda a sua equipa ministerial, cria incertezas sobre a transição depois de a junta militar ter anunciado, em 31 de dezembro do ano passado, que seria realizado um referendo este ano para aprovar uma nova constituição, teoricamente uma etapa adicional no processo.
O principal bloco económico e político da região, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), tem pressionado a junta, uma das várias existentes na África Ocidental, para realizar eleições num prazo aceitável e restabelecer o regime civil.
Persegução da oposição
A junta, chefiada pelo coronel Mamadi Doumbouya, que assumiu o poder no final de setembro de 2021, concordou, sob pressão internacional, em entregar o poder a civis eleitos até ao final de 2024.
Os militares afirmaram que o "período de transição" lhes permitiria levar a cabo reformas de grande alcance no país, que continua a ser pobre apesar dos consideráveis recursos naturais. Mas a oposição acusou-os de autoritarismo.
A junta proibiu todas as manifestações desde 2022 e mandou prender e processar vários líderes da oposição, membros da sociedade civil e jornalistas.
Desde a tomada do poder pelos militares, dezenas de pessoas foram mortas na repressão pelas forças de segurança, que respondem aos protestos contra o golpe com gás lacrimogêneo e até mesmo munição real.
O decreto de dissolução do Governo do primeiro-ministro Bernard Goumou é assinado numa altura de dificuldades para este país da África Ocidental, que faz fronteira, a sul, com a Guiné-Bissau, devido ao encarecimento do custo de vida, à falta de energia elétrica e às restrições de internet e comunicação social privada.