Luísa Diogo e Aires Aly adicionados à lista de pré-candidatos da FRELIMO
27 de fevereiro de 2014O Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) está reunido até ao próximo domingo (02.03) na Matola, arredores de Maputo, tendo como principal ponto da agenda a indicação do candidato do partido às eleições presidenciais de 15 de outubro próximo.
A escolha do candidato a sucessão de Armando Guebuza está agendada para o próximo sábado (01.03) e poderá ser marcada por uma transmissão de testemunho geracional, esperando-se que seja a mais disputada de sempre na FRELIMO.
A Comissão Política do partido tinha apresentado três nomes: Alberto Vaquina, atual primeiro-ministro, José Pacheco, ministro da Agricultura e chefe da delegação do Governo nas negociações com a RENAMO e Filipe Nyusi, ministro da Defesa.
Hoje foram anunciadas mais duas pré-candidaturas à sucessão do atual chefe de Estado, Armando Guebuza. Segundo apurou a DW África, trata-se de Luísa Diogo e de Aires Aly, ambos antigos primeiros-ministros e que foram afastados da Comissão Política no último Congresso do partido no poder.
Luísa Diogo, economista de 56 anos, foi funcionária sénior do Banco Mundial em Moçambique e ocupou o cargo de ministra do Plano e Finanças. Atualmente é presidente do Conselho de Administração do Banco Barclays.
Aires Aly, de 59 anos, é professor de profissão. Foi governador das províncias do Niassa e de Inhambane e ministro da Educação. Atualmente é membro do Parlamento.
Direção cede à pressão
Os novos nomes surgem depois de a direção da FRELIMO ter cedido à pressão, abrindo assim espaço à entrada de mais pré-candidaturas.
O porta-voz da FRELIMO, Damião José, confirmou a decisão de abrir espaço a mais candidaturas. “Existe abertura para a entrada de mais pré-candidatos, tomando em consideração a proposta que foi feita pelo Comité Nacional da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional”, declarou.
As três pré-candidaturas iniciais vinham sendo fortemente contestadas, não se reconhecendo em qualquer uma daquelas figuras capital político e reputação suficientes para garantir a vitória presidencial.
Todos os pré-candidatos fazem parte de uma geração mais nova. Nenhum deles é histórico da luta armada pela independência do território. São originários do centro e norte do país, contrastando com os candidatos do passado, todos provenientes do sul.
Sucessão controversa
O processo de sucessão de Armando Guebuza tem sido rodeado de muita controvérsia, o que tem levado vários críticos a considerarem que a FRELIMO poderá estar a atravessar uma das maiores crises no pós-independência.
Óscar Monteiro, quadro sénior do partido, acredita que o Comité Central saberá escolher o melhor candidato.
“Sei que a FRELIMO é capaz de encontrar as melhores decisões e encontrá-las na unidade”, disse. “Mesmo que para isso seja necessário falar a linguagem da verdade. Foi assim que crescemos, falando a verdade, não escondendo os problemas, para depois encontrar solução”, sublinhou Óscar Monteiro.
O presidente da FRELIMO, Armando Guebuza, traçou o perfil do candidato: “O quadro que vamos eleger deve inspirar em nós a confiança, a auto-estima, a unidade, a cultura de paz, a harmonia social e a liderança.”
A Associação dos Combatentes da Luta pela Independência aproveitou a apresentação da sua mensagem no encontro para deixar alguns recados, apelando à unidade nacional: “Hoje são notórias atitudes e tribulações tribais, tendências raciais que destroem de sobremaneira as conquistas alcançadas ao longo dos últimos 50 anos.”
Graça Machel surpreende Comité Central
Graça Machel apanhou de surpresa o Comité Central ao pedir que membros históricos do partido no poder possam assistir à reunião fechada do órgão que irá escolher o candidato da FRELIMO às próximas presidenciais.
"Há um antecedente dessa prática. Apesar de eu não ter assistido, depois da morte de Eduardo Mondlane, o Comité Central reuniu-se com a participação de outros quadros do partido", disse a antiga primeira-dama de Moçambique e da África do Sul no final do discurso de abertura do Presidente moçambicano.
Armando Guebuza perguntou aos membros do Comité Central se se "perde alguma coisa". E após a aprovação unânime dos membros, o pedido de Graça Machel foi atendido.