Lula da Silva: "Vir para África é um orgulho"
27 de agosto de 2023O Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, fez um balanço positivo da visita de Estado a Angola. O estadista brasileiro, que falava em conferência de imprensa no sábado (26.08) em Luanda, caracterizou os dois dias de trabalho em Angola como "bastante produtivos", a julgar pelos encontros de trabalho entre as duas delegações que culminaram com a celebração de sete acordos de cooperação, nos setores da educação, saúde, turismo, agricultura, recursos humanos, exportações e apoio a pequenas e médias empresas.
"Eu já vim duas vezes, em 2002 e em 2007, e estou vindo agora, eu acho que essa foi a melhor visita que eu fiz a Angola”, resumiu.
Lula da Silva olha para a sua vinda à Angola como a retoma da cooperação estratégia entre os dois países, interrompida nos últimos sete anos, pelo seu antecessor, Jair Bolsonaro. "Nós estamos recomeçando esta relação (...) e vir para áfrica não é um sacrifício, é um orgulho, embora muitos não gostem disso”, revelou.
Preconceito é passado
Lula destacou a mudança da visão estratégica do seu país, na relação com os estados africanos, reconhecendo que, durante muitos anos, o Brasil tratou a sua relação com estes países de forma preconceituosa.
"No Brasil, nós temos a cultura de olhar sempre para o primo rico, o primo pobre você passa a ter vergonha dele”, comparou.
Lula mostrou-se disponível para a travar a luta contra as desigualdades, acusando as grandes potências de pouco ou nada fazerem para um mundo menos desigual.
"Nós não temos o direito em querer crescer sozinho, vamos crescer jumtos. É isso que me motivou a conversar tanto com África ou com a América do Sul, porque não posso deixar de conversar com quem está do nosso lado”, frisou.
O Presidente brasileiro mostrou-se contra o modelo de ajudas económicas adotado, tanto pelo FMI como pelo Banco Mundial, dizendo que está "ultrapassado”.
Para o estadista, a forma como está estruturada a cooperação com os países africanos não gera crescimento e desenvolvimento, tendo apontado a necessidade do perdão da dívida dos países africanos em prol do investimento no desenvolvimento de infraestruturas.
Questionado sobre a possibilidade do Brasil vir a colaborar com Angola, na partilha da sua experiência nos domínios do combate às desigualdades sociais e fome, Lula da Silva fez saber que o seu país está disponível para prestar todo o apoio nesta matéria.
Mais promessas de cooperação
Lula da Silva prometeu colocar, nos próximos meses, empresas brasileiras do setor aeronáutico a voar para o continente africano.
"Quando regressar ao Brasil, vou convocar o ministro dos Transportes e outros setores que intervêm nesta área para revermos esta situação. Não faz qualquer sentido que as empresas brasileiras não façam escalas em países africanos", comentou.
Em Angola reside uma comunidade brasileira de cerca de trinta mil pessoas, ao passo que, no Brasil, residem perto de cinquenta mil cidadãos angolanos.
Apesar deste fluxo populacional, o Brasil não tem ainda um consulado em Angola. Lula da Silva assumiu esse "erro estratégico", e prometeu para este ano a abertura dessa infraestrutura.
O líder brasileiro defendeu a necessidade da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aludindo que a atual configuração daquele órgão está ultrapassada e não representa os interesses da atualidade. Para Lula da Silva, o surgimento dos BRICS é das melhores iniciativas que surgiu no presente século.