Libéria: o longo caminho da recuperação
18 de maio de 2011Na quarta-feira, 18 de maio, o ministro alemão responsável pela política de desenvolvimento, Dirk Niebel, partiu para a Libéria para um périplo de três dias. Niebel constatou no local o estado em que se encontra o país: todas as deslocações têm que ser feitas por avião, porque as infraestruturas do país ainda não foram reconstruídas. As estradas estão cheias de buracos, quase nenhum habitante tem eletricidade e muitos edifícios continuam em ruínas.
Também a Justiça, o Ensino e a Saúde estão em péssimas condições. Apenas 15% da população tem emprego certo. Há muito por fazer ainda, segundo Thorsten Benner, do instituto de pesquisa Global Public Policy Institute, ou GPPI: "Hoje podemos dizer que o país se afasta lentamente do precipício”. Mas a situação está longe de estável, realça: continua a ser necessária a presença de 8000 soldados das Nações Unidas e mais de 1000 polícias internacionais para manter a segurança. E faltam ao país instituições importantes, como a Justiça: “Também não há uma elite política apostada no bem coletivo em vez do enriquecimento pessoal", critica
Começam a sentir-se as mudanças
Não obstante, muito mudou desde a queda do Presidente, Charles Taylor, que atualmente está a ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda, por suspeita de crimes contra a humanidade. A guerra civil de 1989 a 2003 custou a vida a mais de 250 000 pessoas, e fez mais de um milhão de refugiados. Estimativas dizem que uma em cada duas mulheres foi vítima de violação. Até há bem pouco tempo, o país estava traumatizado.
Agora, há cinco anos que a Libéria tem um governo estável, para além da primeira mulher na chefia de um Estado africano. Ellen Johnson-Sirleaf, ex-funcionária do Banco Mundial, soube usar os seus contactos internacionais em benefício do país. A Libéria submeteu-se a uma reconversão das dívidas, passou a receber assistência internacional e foi o primeiro país a aderir à "Iniciativa para a Transparência no Setor das Matérias Primas", ou EITI.
Transparência na exploração dos recursos
O objetivo desta iniciativa é que matérias-primas como o diamante ou o petróleo nunca mais arrastem um país para a ruína. Judy Smith-Höhn, do Instituto sul-africano de Pesquisa da Segurança, especialista na Libéria, considera que a exploração das matérias primas oferece uma oportunidade real para a reconstrução: “O embargo contra a madeira e os diamantes da Libéria foi suspenso, de modo que as matérias primas podem servir agora para aumentar a receita do estado. Este dinheiro poderá ser investido, por exemplo, na segurança social".
A Alemanha apoia a Libéria com várias iniciativas no âmbito da transparência na exploração das matérias primas e na criação de uma Justiça independente, através da sua agência de cooperação Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit, GIZ. Mas o analista Thorsten Benner, do GPPI, adverte contra expetativas exageradas: "Depois de 14 anos de guerra civil, a reconstrução só pode ser um projeto de longo prazo. É preciso dar tempo ao tempo"
Autor: Dirke Köpp/Cristina Krippahl
Revisão: António Rocha