Líbano: Doadores internacionais prometem mais ajuda ao país
9 de agosto de 2020Na abertura da videoconferência deste domingo (09.08), coorganizada em poucos dias pela ONU e pela França e que pretende angariar doadores para o Líbano, cuja capital Beirute foi devastada por uma explosão na terça-feira, o Presidente Emmanuel Macron defendeu uma ação "rápida e eficaz" conjunta para que a ajuda chegue diretamente à população libanesa.
Ao longo da tarde, têm sido vários os anúncios de apoios monetários e de ajuda de emergência ao Líbano. E num todo, fez saber o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, foram angariados mais de 200 milhões de euros.
O Reino Unido prometeu uma ajuda no valor de 26 milhões de dólares americanos, tendo explicado que esta ajuda será enviada para o Programa Alimentar Mundial que fornecerá alimentos e medicamentos aos mais vulneráveis.
Por seu lado, os Estados Unidos prometeram enviar uma ajuda de 15 milhões de dólares e o governo espanhol vai enviar medicamentos e material médico, assim como 10 toneladas de cereais doadas por uma empresa privada, uma vez que vários contentores de trigo foram destruídos na explosão.
Alemanha promete mais 10 milhões
Ainda antes do início da videoconferência de doadores internacionais, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, confirmou que Berlim ajudará o Líbano com mais 10 milhões de euros.
"O povo de Beirute precisa da nossa ajuda e da nossa esperança", disse Maas, em entrevista ao jornal alemão Bild am Sonntag.
Logo depois dos acontecimentos de terça-feira, a Alemanha já havia prometido uma ajuda inicial de 1,5 milhões de euros.
À semelhança do governo alemão, e depois do anúncio, na quinta-feira do envio de 33 milhões de euros, a Comissão Europeia fez saber, este domingo (09.08), em comunicado, que enviará mais 30 milhões de euros para o país.
"À medida que as necessidades aumentam, estamos a fornecer ajuda humanitária a centenas de milhares de pessoas vulneráveis [...]. A UE está a fornecer abrigo, cuidados médicos de emergência, água, saneamento básico, bem como ajuda alimentar", sublinhou o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic.
O novo financiamento será canalizado para agências da ONU, organizações não-governamentais e internacionais e será rigorosamente controlado, acrescentou a Comissão Europeia neste mesmo documento.
A ONU diz que serão necessários 117 milhões de euros nos próximos três meses para a resposta de emergência.
Macron pede "união"
O Presidente Emmanuel Macron também pediu às autoridades libanesas para "agirem para que o país não se afunde e para responderem às aspirações que o povo libanês exprime com legitimidade nas ruas de Beirute, neste momento".
"Todos juntos temos o dever de fazer tudo para que a violência e o caos não prevaleçam", disse.
O Presidente francês insistiu na necessidade de "união" da comunidade internacional apesar das "condições geopolíticas" em redor do Líbano.
Macron acrescentou esperar que a Rússia e a Turquia, que "não poderia participar da videoconferência", prestem apoio assim como Israel, que "manifestou interesse em prestar assistência".
"Esta oferta de ajuda também inclui o apoio a uma investigação imparcial, confiável e independente das causas da catástrofe. É um pedido forte e legítimo do povo libanês. É uma questão de confiança. Os meios estão disponíveis e devem ser mobilizados", afirmou.
Porém, nem o Presidente libanês, Michel Aoun, nem o líder do movimento xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah, querem estrangeiros a participar na investigação, alegando a soberania do Líbano para gerir os seus assuntos.
Entre os participantes na videoconferência, além do anfitrião Micuel Aoun, estão o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os primeiros-ministros de Espanha, Pedro Sánches, de Itália, Giuseppe Conte, e o secretário geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit.
Terminada primeira fase de buscas
Passados cinco dias das explosões, as esperanças para encontrar sobreviventes no porto de Beirute diminuem.
"[Após vários dias de] operações de busca e salvamento, podemos dizer que encerramos a primeira fase, aquela que oferece a possibilidade de encontrar pessoas vivas. Continuamos a ter esperança mas, como técnicos que trabalham no terreno, podemos dizer que a esperança de encontrar pessoas vivas está a diminuir", indicou, este domingo (09.08), o coronel Roger Khouri, chefe do regimento de engenheiros militares, durante uma conferência de imprensa.
Ministra demite-se
A ministra da Informação libanesa, Manal Abdel Samad, anunciou, entretanto, a sua demissão do cargo, num breve discurso transmitido pela televisão local, e pediu desculpas aos libaneses pelo "enorme desastre" em Beirute.
"Peço desculpas aos libaneses, não correspondemos às vossas expectativas", acrescentou, justificando a decisão com a falha do governo em fazer as reformas necessárias e com a explosão que abalou a capital de Beirute, na terça-feira.
Esta é a primeira baixa no Governo libanês após a explosão que provocou pelo menos 158 mortos, 6.000 feridos e dezenas de desaparecidos.
Este sábado (08.08), depois de milhares de libaneses terem saído às ruas para protestar, o chefe do Governo anunciou que vai submeter na segunda-feira ao Conselho de Ministros uma proposta que visa a antecipação das eleições no país.