Kadhafi morto na Líbia
21 de outubro de 2011"Todo o meu povo me ama e vai morrer por mim": mesmo debaixo dos bombardeamentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte NATO, e com os rebeldes às portas de Tripoli, Kadhafi continuava a insistir na sua própria versão da realidade.
Nascido em 1942, filho de lavradores, com apenas 27 anos liderou um golpe de estado contra o rei Idris, proclamando-se o libertador do povo líbio. Mas em vez da anunciada República Popular, o seu regime transformou-se numa ditadura, sangrenta para os seus opositores políticos.
O "Rei de África"
A riqueza gerada pelo petróleo, base do seu poder, foi investida também na angariação do apoio de muitos países africanos. A Líbia que financiou a União Africana em 2002 e, como autoproclamado "Rei de África", Kadhafi forneceu milhares de milhões de dólares para projetos de infraestrutura e turismo em nações do continente, conquistando as simpatias de muitos africanos.
Mas também em África há políticos que se distanciam do despotismo praticado por Kadhafi. Em entrevista exclusiva com a DW, o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, respondeu à pergunta, se o fim de Kadhafi é também uma mensagem para outros dirigentes autoritários: "Com toda a certeza. A mensagem é muito clara: África quer a mudança. É uma mudança que exige líderes eleitos pelo povo, sem os chamados revolucionários, que insistem em permanecer no poder quando o seu tempo acabou".
Interesses económicos dos países ocidentais
Os petrodólares líbios serviram também para financiar atividades terroristas em todo o mundo, que causaram inúmeras mortes e muito sofrimento. Contra todas as evidências, também aqui Kadhafi preferia postular a sua própria realidade, negando o seu envolvimento: "Somos contra este género de ações e atentados, apoiamos a luta justa pela liberdade no mundo".
Em 2003, Kadhafi surpreendeu o mundo ao renunciar a armas de extermínio de massas, abrindo assim caminho à suspensão das sanções internacionais impostas contra a Líbia. Os governantes ocidentais passaram a ser visita assídua do potentado do país petrolífero, que garantia lucros elevados aos investidores. Mas quando, no início do ano, estalou a primavera Árabe na Tunísia, que cedo contagiou a vizinha Líbia, e Kadhafi não hesitou em abrir fogo contra o seu povo em revolta, chamou a plano as Nações Unidas e a NATO, selando o seu próprio destino.
Hoje, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, deu expressão aos votos universais para o povo líbio: "É a nossa esperança que comece agora uma nova era para a Líbia. Vamos acompanhar a Líbia nesta via para um futuro pacífico e democrático. Prometemos ajudar a atenuar o sofrimento e assistir na reconstrução".
Autora: Cristina Krippahl
Edição: Madalena Sampaio