Justiça nega recurso e ex-ditador al-Bashir continua preso
9 de abril de 2020O Tribunal de Apelações de Cartum, no Sudão, negou o recurso da defesa do ex-ditador Omar al-Bashir e confirmou a sua condenação a dois anos de prisão por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Al-Bashir foi condenado em primeira em dezembro do ano passado, cinco meses após ser retirado da presidência e preso, em abril de 2019. Desde então, ele cumpre pena na penitenciária de segurança máxima Kober, em Cartum.
Em uma operação das forças de segurança na capital sudanesa pouco depois da queda do ditador, a justiça confiscou milhões em euros, dólares e libra sudanesa encontrados na posse de al-Bashir. O Presidente deposto disse que o dinheiro era parte de uma doação que recebera do príncipe da Arábia Saudita.
O ex-Presidente do Sudão ainda deve ser julgado pela acusação de genocídio durante o conflito no Darfur, em 2003 - que resultou em 300 mil mortes e 2,5 mil pessoas deslocadas, segundo a ONU.
Levante popular e crise
Omar al-Bashir foi alvo de um levante popular que iniciou em dezembro de 2018. Forças militares apoiaram a série de manifestações que derrubaram o Presidente em abril de 2019.
Após a queda do homem que ficou à frente do Governo de 1989 até 2019, o Sudão segue em crise política. Um governo de transição composto por civis e oficiais militares assumiu o poder, mas há dificuldade de recuperar a ordem pública.
Al-Bashir, de 76 anos, esteve à frente de uma das ditaduras mais longevas de África. Ele assumiu o poder depois de um golpe em 1989 e comandou o país com mãos de ferro por três décadas.