Angola: Obras contra seca no Cunene arrancam em outubro
9 de julho de 2021O Presidente angolano, João Lourenço, anunciou esta sexta-feira (09.07), no arranque da sua visita de dois dias ao Cunene, o avanço de quatro projetos de construção de infraestruturas hidráulicas para enfrentar a seca, dos quais apenas um foi iniciado. O anúncio foi feito após uma reunião com o governo do Cunene, província do sul de Angola onde atualmente meio milhão de pessoas são afetadas pela seca.
O chefe do Executivo angolano, que iniciou esta sexta-feira a segunda visita do seu mandato àquela província sublinhou que, apesar das deficiências em áreas como a saúde ou a educação, o pior dos problemas é a seca que, de forma cíclica, afeta a província e, de forma geral, o sul de Angola (províncias do Cuando Cubango, Cunene, Namibe e Huíla).
O Presidente realçou que a seca afeta pessoas e animais, que enfrentam risco de vida, mas a solução não passa por transportar água em bidons ou alimentos em camiões, pois nunca será suficiente.
Mais obras no quarto trimestre
"O importante é garantir a existência de água todo o ano", vincou, assinalando que após a visita de há dois anos o Executivo concebeu três projetos estruturantes, dos quais apenas um (Cafu) avançou, devido à falta de recursos financeiros, agora ultrapassada.
Segundo João Lourenço, a construção de outros dois projetos (barragem e canal de Calacuve e de Ndué) vai arrancar no quarto trimestre deste ano. "A partir de outubro garantimos que as máquinas vão estar no terreno para dar início a esses dois projetos", frisou. No mesmo período terá também início a recuperação de diques e açudes na região do Curoca, estando prevista a reabilitação de represas e obras de transferências hidráulicas para o próximo ano.
Com os projetos em curso, João Lourenço acredita que o "sofrimento" de populações e dos animais e o quadro "bastante negativo" vai mudar de forma radical a partir de 2023.
Movimentações inéditas
A governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, fez um balanço dos efeitos da seca que afeta atualmente 514.800 pessoas e se traduziu, este ano, num "fenómeno de muita movimentação que nunca aconteceu" anteriormente.
Normalmente, segundo a governadora, as pessoas são assistidas nas suas residências, mas encontram-se agora cerca de 4.000 deslocados em centros espalhados por todos os municípios da província
Além disso, mais de 2.000 pessoas refugiaram-se na vizinha Namíbia, na maioria crianças entre os 5 e 10 anos.
Até agora, foram beneficiadas 83.416 pessoas, com apoios recebidos da administração central (615 toneladas de produtos diversos sobretudo bens alimentares), do governo provincial (326 toneladas de alimentos) e dos parceiros sociais (196 toneladas de bens diversos).
Da agenda de João Lourenço no Cunene consta ainda uma visita à localidade de Cafu, para avaliar o andamento do projeto local de combate aos efeitos da seca, que compreende o sistema de captação de água no rio Cunene, o processo de bombagem, a conduta e o canal aberto.
O chefe do Executivo angolano vai reunir-se também, em Ondjiva, capital do Cunene, com os governadores de quatro províncias da região sul fortemente afetadas por aquele fenómeno natural (Cunene, Cuando Cubango, Huíla e Namibe).
O governante terá audiências com figuras representativas da sociedade civil, nomeadamente autoridades tradicionais, religiosas, empresários e jovens.