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Jovens de Moçambique não querem viver uma guerra

Nuno de Noronha25 de outubro de 2013

O blogue Moz Maníacos e um grupo no Facebook realizaram uma campanha nas redes sociais que pretende apelar à paz em Moçambique. A iniciativa está a fazer sucesso no país, como contou à DW África um dos responsáveis.

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Foto: Mozmaniacos

A escalada de tensão em Moçambique que coloca a RENAMO num frente-a-frente direto com o Governo destoa da vontade da sociedade civil moçambicana. Vários grupos isolados e organizações não governamentais já se mostraram contra uma guerra no país. Os apelos não param de crescer vindos de vários quadrantes e estratos sociais.

A maioria dos moçambicanos ainda se recorda da guerra que terminou há 21 anos, com a assinatura do Acordo Geral de Paz. Foi por volta dessa altura que nasceu Matope José Matusse, um conhecido blogger moçambicano, fundador do Moz Maníacos. Trata-se de uma plataforma online que agrega conteúdos culturais. Esta página, com o apoio do grupo Moz És Tu, lançou a campanha “Moz Quer Paz”.

“No momento em que comecaram a surgir os rumores, percebemos que teríamos de fazer alguma coisa”, recorda Matope José Matusse. “Mas um pequeno grupo do Facebook sugeriu-nos que divulgássemos algumas publicações com a hashtag #MozQuerPaz. Como nós temos muitos seguidores, eles acharam que seria mais fácil divulgar a campanha através do nosso portal”, explica.

Desenvolvimento como preocupação dos jovens

Matope Jose Matusse
Matope José Matusse é um dos responsáveis pelo projeto Moz ManíacosFoto: Mozmaniacos

A campanha tomou, entretanto, conta do Facebook, Twitter e da própria página do Moz Maníacos. Milhares de pessoas, sobretudo jovens, têm desde terça-feira (22.10) publicado mensagens, fotografias e apelos à paz em Moçambique.

“Para nós, jovens, esta guerra não faz nenhum sentido. Só somos afetados negativamente por ela. Não é nossa vontade, nem vontade dos jovens, nem dos moçambicanos que haja guerra”, justifica.

Matope José Matusse adianta que a juventude de Moçambique está focada no desenvolvimento do país e que a guerra é uma palavra que não faz parte do léxico dos jovens. “Nos últimos anos, a palavra de ordem é desenvolver Moçambique. Nós somos um país pobre e os jovens começam agora a ganhar protagonismo no desenvolvimento do país. Ouvir falar de guerra preocupa-nos, deixa-nos indignados, principalmente pelo facto desta guerra não ter nada a ver com os moçambicanos, nem com os jovens”, lamenta o blogger.

Jovens de Moçambique não querem viver uma guerra

A página Moz Maníacos foi criada há três anos. A equipa foi-se estendendo e hoje conta com seis colaboradores a tempo inteiro. A maioria são artistas, ligados à escrita ou à música. Inicialmente o portal pretendia divulgar as últimas novidades das artes moçambicanas, mas com o tempo a equipa foi expandindo a área de atuação. Hoje, o blogue é feito por e para moçambicanos especialmente com o intuito de aumentar a consciência crítica dos adolescentes.

Espera-se o regresso à paz

“A preocupação do Moz Maníacos é entreter os jovens com coisas positivas, levar os jovens a pensar em alternativas para o país, desenvolver consciência política”, acrescenta Matope José Matusse.

Mosambik Krise Armee Verstärkung
Contingentes das Forças Armadas continuam destacados em SatunjiraFoto: picture-alliance/dpa

Desde que a campanha "Moz Quer Paz" foi para o ar, na terça-feira (22.10), a página já recebeu mais de 5000 mil visitantes e não param de chegar fotos com mensagens de paz.

“Não podemos admitir como moçambicanos uma opção diferente do diálogo e do entendimento e acreditamos que nas próximas horas ou dias estaremos a comemorar, mais uma vez, a consolidação da paz em Moçambique”, afirma.

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