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Jovens angolanos querem Dia da Juventude sem cor política

José Adalberto (Huambo)
13 de abril de 2018

O Dia da Juventude de Angola é celebrado a 14 de abril, data da morte de um comandante das antigas forças armadas do MPLA, o partido no poder desde 1975. Jovens e partidos políticos criticam cunho partidário.

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Foto de arquivo (abril de 2017): Jovens angolanos reunidos para debate "Reconciliação sem Exclusão" impedido pela políciaFoto: DW/P. Borralho

Assinala-se este sábado, 14 de abril, o Dia da Juventude Angolana. Nesta data homenageia-se José Mendes de Carvalho, conhecido nas lides militares como Hoji-ya-Henda. Foi um comandante das antigas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), o braço Armado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e morreu precisamente a 14 de abril de 1968, aos 26 anos, num assalto a um quartel das tropas coloniais portuguesas.

Mas há agora discórdia quanto à efeméride. Algumas plataformas juvenis em Angola defendem a necessidade de celebrar o Dia da Juventude numa outra data, sem cunho partidário.

Ekundi Chissolukombe, membro da Juventude da coligação eleitoral CASA-CE, diz que o 14 de abril é uma imposição da juventude do MPLA, o partido no poder. "Não podemos aceitar imposições quando cada uma das organizações tem as suas datas em que homenageiam os seus patronos", sublinha.

Sem partido nem religião

Para Chissolukombe, a reconciliação passa por encontrar "datas que conduzam a festejos colectivos em que as pessoas e movimentos se revêem, sentando-se à mesma mesa e pensando Angola."

A juventude da CASA-CE propõe, por exemplo, o 6 de fevereiro para celebrar o Dia da Juventude Angolana – a data da morte do rei Mandume Ya Ndemufayo, que lutou contra a dominação colonial e também morreu muito jovem - e não tem conotação partidária.

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"Fruto de um estudo feito por uma instituição com credibilidade elevada, conseguimos  encontrar 6 de fevereiro, ideal. É uma data em que se comemora a morte do Rei Mandume, esta é uma proposta.”

Outra organização juvenil que não concorda com o 14 de abril é a Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), o braço juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola.

"Para nós, incluindo outras organizações juvenis, o 14 de abril não representa uma data consensual. Por isso, achamos que devíamos encontrar uma data consensual que não representa nenhuma convicção político-partidária ou credo religioso”, diz Sebastão Salakiaco, membro do Comité Permanente da organização, em entrevista à DW África.

A JURA também defende o 6 de fevereiro como a data ideal para celebrar a juventude angolana. "Primeiro, porque morreu como jovem, depois, porque na altura em que ele morreu, a 6 de fevereiro de 1917, os movimentos de libertação ainda não existiam. Para nós, é uma data consensual por representar um herói apartidário”, justifica Salakiaco.

Mudam-se os tempos

A DW África tentou contactar a juventude do MPLA, sem sucesso. Uma fonte da organização juvenil dos "camaradas", que não quis gravar entrevista, disse apenas que não concorda que haja uma falta de consenso em relação à data do Dia da Juventude Angolana, pois foi aprovada há anos (em 2005) por várias organizações juvenis.

Jovens angolanos querem Dia da Juventude sem cor política

No entanto, a realidade parece ter mudado. A Juventude de Renovação Social (JURS), do PRS, foi uma das organizações que aprovou o 14 de abril como dia da juventude angolana. Mas a organização demarca-se agora das festividades.

"Foram-nos apresentados diversos critérios, a JMPLA poderia abdicar desta data e nós aprovámos, mas, de lá para cá, os acordos não foram honrados, forçando-nos, assim, a deixarmos de comemorar o 14 de abril”, diz Gaspar dos Santos Fernandes, secretário permanente nacional da JURS.

Fernandes propõe que o Dia da Juventude Angolana se realize a 4 de outubro, data da fundação do Conselho Nacional da Juventude, a plataforma que congrega todas as organizações juvenis no país, "por ser o orgão que reúne consenso”. 

"É lá que todas os jovens se revêem, é por lá que passam todas as politicas juvenis, é onde as organizações juvenis têm os seus parceiros e onde se consegue debater de forma igual", sublinha.

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