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JMPLA não reconhece os problemas da juventude?

20 de junho de 2023

À DW África, o líder da juventude do MPLA diz serem "fiéis advogados dos jovens" e aponta os jovens da UNITA como "causadores das arruaças". Sobre excessos da polícia, acredita que essa "deve fazer o seu papel".

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Afrika JMPLA  Die Jugend der Volksbewegung für die Befreiung Angolas
Foto: privat

Nos últimos anos, tem sido crescente o número de jovens angolanos que saem às ruas para protestar contra a situação política e social do país. São jovens que, muitas vezes organizados em movimentos sociais e coletivos, reivindicam mudanças nas políticas públicas e mais transparência e participação democrática por parte das autoridades.

No último sábado (17.06), por exemplo, manifestantes saíram às ruas de Angola para protestar contra o aumento nos preços da gasolina e da cesta básica. A onda de protestos culminou na detenção de pelo menos cem jovens, um tema a gerar debate no país.

Em entrevista à DW, Crispiniano dos Santos, o 1º Secretário Nacional da JMPLA, o braço juvenil do partido no poder, diz serem "os fiéis advogados dos jovens angolanos" e aponta os jovens da UNITA como "a causadores das arruaças". Mas sobre os excessos da polícia, acreditam que "ela deve fazer o seu papel".

Afrika JMPLA  Die Jugend der Volksbewegung für die Befreiung Angolas
Crispiniano dos Santos Foto: privat

DW África: O JMPLA reconhece os problemas dos manifestantes?

Crispiniano dos Santos: Nós reconhecemos que há algum excesso por parte dos nossos agentes, mas isso não nos leva a praticar atos que atentem à nossa segurança. Temos que respeitar o povo, não estamos a destruir o pouco que existe e nem colocar em risco a vida dos jovens.

DW África: Acredita, então, que os atuais problemas dos jovens angolanos não representam "risco" para a sociedade?

CS: Os problemas que afligem a juventude angolana não são específicos da juventude do MPLA, mas são de toda a juventude. Nós, do MPLA, temos sido os "advogados fiéis" da juventude angolana, independentemente da sua filiação político-partidária. Nosso dia-a-dia é dedicado a nossa responsabilidade social, que visa atender às preocupações e a iniciativas dos jovens mais vulneráveis.

Quero, neste sentido, convidar a todos os jovens e partidos políticos para que, ao invés de realizarem atos de vandalismo, juntem-se à comunidade. [Praticando] atos socialmente relevantes, orientando os jovens economicamente sobre como constituir o primeiro negócio, sua iniciativa empreendedora e, com isso, multiplicarmos os postos de empregos. Nós temos que começar a praticar aquilo que edifica a nossa sociedade e contribui para o desenvolvimento do nosso país.

Jovens em Luanda levantam cartaz pelo fim da miséria no páis, durante protestos no último sábado (17.06)
Jovens em Luanda levantam cartaz pelo fim da miséria no país, durante protestos no último sábado (17.06)Foto: Borralho Ndomba/DW

DW África: Mas a JMPLA, enquanto braço juvenil do partido no poder, tem algum programa específico para mitigar a situação dos jovens no país?

CS: Estamos a trabalhar com o Executivo para que sejam adotadas políticas multi e intersectoriais, sobretudo para atender os variados domínios de interesse da juventude. Só assim vamos assegurar que beneficiem de uma melhor qualidade de vida, assentes no trabalho e no emprego. Portanto, este é o nosso maior desafio e vamos continuar de forma responsável e empenhada para que o Executivo responda positivamente aos anseios dos nossos jovens.

DW África: Mais de cem manifestantes foram detidos em Angola no último fim-de-semana. O JMPLA tem a dizer sobre a atuação da polícia?

CS: Apelamos à Polícia Nacional para que faça o seu trabalho, e mantenha a ordem e a tranquilidade no país. Condenamos os atos de vandalismo. Quando alguém incita violência... o país tem regras que devem ser obedecidas. Quem é de direito, deve fazer o seu trabalho. A polícia não pode permitir que partidos políticos irresponsáveis coloquem em perigo a vida do povo.

DW África: Quando fala em "partidos políticos" irresponsáveis, está a culpabilizar a UNITA?

CS: Temos que ter partidos de oposição comprometidos com Angola e com os angolanos para podermos construir em conjunto um país que orgulhe a todos. Não podemos continuar a convidar os jovens a queimarem pneus nas ruas, nas vias públicas, enfrentando os agentes e autoridades. São atos que nós condenamos, e não queremos que a oposição continue nesta senda.

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