Terminou, esta segunda feira (03.06), em Yokohama, a quinta Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África. O governo japonês, 39 chefes de Estado e de governos africanos, organizações não governamentais e organismos institucionais sublinharam, na cimeira, a determinação em cooperar para acelarar o crescimento económico e reduzir a pobreza em África. Representantes de todos os países que integram os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) estiveram presentes na conferência no Japão.
"Estamos determinados em trabalhar em conjunto para acelerar o crescimento, o desenvolvimento durável e a redução da pobreza". Esta era uma das frases que a Declaração de Yokohama, a cidade japonesa que recebeu a cimeira, continha em 1993.
Este objectivo continua de pé, passados 10 anos, com o Japão a anunciar um investimento de 765 milhões de euros, destinados à luta contra a instabilidade e o terrorismo no Sahel, uma região africana situada entre o deserto do Saara e as terras mais férteis a sul.
Segundo os responsáveis japoneses e africanos, a conferência deste ano, em linhas gerais, "tornou-se mais orientada para a ação e para os resultados", que um plano detalhado para o período de 2013-2017 pretende alcançar.
Valorizar África ao mundo
De acordo com os dados do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Produto Interno Bruto (PIB) do continente duplicou nos ultimos dez anos, com um crescimento médio anual de 5%.
Para manter esta tendência, a Declaração de Yokohama indica ser necessário "reforçar as bases do desenvolvimento, através das infraestruturas", do crescimento económico e dos recursos humanos. Segundo os signatários do documento, "isto contribuirá para reduzir de forma significativa a pobreza e favorecerá a emergência de uma classe média que irá transformar o continente".
William Ruto, vice-presidente do Quénia, destacou no encontro a importância de mostrar à comunidade internacional o potencial do continente ao afirmar: "é nossa responsabilidade, enquanto líderes africanos, envolver os outros países na luta contra o terrorismo. Em segundo lugar, precisamos explicar aos investidores que se algo de errado acontece, numa parte do continente, não significa que toda a África tenha problemas de segurança. Temos que provar aos investidores japoneses que é possível fazer negócio e investir o seu capital em África".
Moçambique chega a acordo com Japão
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) estiveram fortemente representados no encontro. No decurso da visita do Presidente Armando Gebuza, Moçambique e Japão assinaram, no sábado passado (01.06), um acordo de proteção de investimentos.
Para o ministro moçambicano da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, "este acordo vem facilitar a circulação de investimento japonês nos vários sectores da economia mocambicana". Paralelamente, o chefe da diplomacia japonesa, Fumio Kishida, desejou que o acordo promova o investimento privado japonês no país, principalmente nas grandes reservas mineiras.
Cabo Verde quer investimento nipónico nas pescas
Já o primeiro ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, adiantou, antes do inicio da conferência: "terei a oportunidade de ter um encontro bilateral com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para discutirmos a parceria entre Cabo Verde e o Japão, e com empresários na área das pescas. Queremos incrementar a nossa cooperação, particularmente, com investimentos dirigidos para São Vicente, onde queremos desenvolver uma importante plataforma de pescas".
Entretanto, o Japão decidiu disponibilizar a Cabo Verde 68 milhões de euros para projetos nas áreas das energias renováveis, água e pescas. Segundo o chefe do executivo da Praia, está também a ser negociado entre os dois países a possibilidade de o Japão financiar a construção de algumas barragens em Cabo Verde.
O projeto está enquadrado na edificação de 17 infraestruturas para retenção da água das chuvas. Para já, o projeto de melhoria da distribuição de energia, em curso um pouco por todas as ilhas, continuará a ter o financiamento do Japão, com valores próximos aos 50 milhões de dólares (38,46 milhões de euros).
Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe também participaram nesta cimeira, tendo também eles direito a reuniões com o primeiro-ministro japonês, com vista estreitar as relações bilaterais. Angola fez-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Georges Chicoti, e Sao Tomé e Principe pela chefe da diplomacia, Natália Umbelina.
Necessário investir no sector privado
Foi relembrado também pelo vice-presidente queniano, William Ruto, a urgência do investimento privado por companhias japonesas, no continente africano: "como líderes de África, percebemos claramente que é o sector privado que vai conseguir dinamizar a economia e que vai criar possibilidades para que o continente siga em frente".
O Japão e a China disputam a corrida rumo a um dos continentes com mais recursos naturais no mundo. No encerramento da Conferência Internacional para o Desenvolvimento em África, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou ainda que "África vai ser o centro do crescimento durante as próximas décadas".