Irão promete medidas "mais duras" caso Israel responda
14 de abril de 2024O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, classificou este domingo (14.04) o ataque lançado por Teerão contra Israel na noite de sábado e madrugada de hoje como uma “medida defensiva” e de “legítima defesa”, numa resposta “às ações agressivas do regime sionista [Israel] contra os objetivos e interesses do Irão”, nomeadamente o bombardeamento recente ao consulado de Irão em Damasco, na Síria.
Num comunicado publicado na sua página de internet, Ebrahim Raisi, realçou que o ataque foi “uma ação militar decisiva”, apesar de o Exército israelita ter afirmado que a grande maioria dos ‘drones’, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos lançados por Teerão foram intercetados.
O presidente do Irão deixou ainda um recado a Israel, alertando que, caso Telavive ou os que apoiam aquele país “mostrem um comportamento imprudente, receberão uma resposta muito mais decisiva e violenta”.
“Durante os últimos seis meses, e especialmente durante os últimos dez dias, o Irão usou todas as ferramentas regionais e internacionais para chamar a atenção da comunidade internacional sobre os perigos mortais face à inação do Conselho de Segurança das Nações Unidas [ONU], diante das contínuas violações do regime sionista”, referiu.
Raisi considerou que o ataque de sábado foi uma forma de “castigar o agressor [Israel] e gerar estabilidade na região”.
O Irão “considera a paz e a estabilidade na região como algo necessário para a sua segurança nacional” e, nesse sentido, “não poupa esforços para restaurá-la”, referiu.
Ataque 'alcançou todos os objetivos'
O chefe das forças armadas iranianas disse que o ataque contra Israel “alcançou todos os seus objetivos”.
“A Operação Honest Promise foi realizada com sucesso entre ontem (sábado) à noite e esta manhã, e alcançou todos os seus objetivos”, declarou o general Mohammad Bagheri na televisão, especificando que nenhum centro urbano ou económico foi alvo de ‘drones’ e mísseis iranianos.
Bagheri afirmou que os dois locais mais visados foram “o centro de inteligência que forneceu aos sionistas as informações necessárias” para o ataque que destruiu o consulado iraniano em Damasco a 01 de abril, bem como “a base aérea de Novatim, de onde descolaram os aviões de caça israelitas ‘F-35' que bombardearam as instalações diplomáticas do Irão na capital síria.
“Não temos intenção de continuar esta operação, mas se o regime sionista tomar medidas contra a República Islâmica do Irão, seja no nosso solo ou nos nossos centros na Síria ou noutro local, a nossa próxima operação será bem mais importante do que esta”, alertou o chefe das forças armadas iranianas.
Médio Oriente "à beira do precipício"
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha acusou hoje o Irão de colocar “conscientemente” o Médio Oriente "à beira do precipício".
Annalena Baerbock, que fazia uma intervenção em Frankfurt, disse que o regime iraniano "quase mergulhou uma região inteira no caos", pelo que apelou a "todos os atores da região para agirem com cautela", porque "a espiral de escalada deve ser quebrada".
As palavras de Baerbock foram proferidas numa altura em que o chanceler alemão, Olaf Scholz, está de visita à China, onde também apelou à contenção de todas as partes na sequência dos ataques iranianos.
"As coisas não podem continuar desta forma. Faremos tudo o que pudermos para evitar uma nova escalada. Este é um ataque absolutamente injustificável", sublinhou.
O chanceler alemão reiterou a solidariedade da Alemanha com Israel, que disse ter todo o direito de se defender desde os ataques do Hamas em 7 de outubro.
O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, convocou uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros para terça-feira (16.04), numa altura em que o ataque sem precedentes do Irão a Israel alimenta o receio do alastramento da guerra no Médio Oriente.
"O nosso objetivo é contribuir para o desanuviamento e a segurança da região", afirmou Josep Borrell, numa publicação no X, antigo Twitter.
Líderes das principais instituições da UE condenaram o ataque iraniano e pediram para evitar uma nova escalada de tensão no Médio Oriente.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou o Irão e os seus aliados a “cessar imediatamente” esta ofensiva e apelou a “todos os intervenientes” para “absterem-se de novas escaladas e trabalharem para restaurar a estabilidade na região”.
Também a NATO pediu "contenção" para que “o conflito no Médio Oriente não se torne incontrolável”.