Investidores alemães na Nigéria apostam na infraestrutura
31 de março de 2011Com cerca de 150 milhões de habitantes, a Nigéria é um dos gigantes africanos. O país concorre com Angola pela primeira posição na exportação africana de petróleo. E está a ganhar cada vez mais importância como fornecedor de gás natural. Não obstante, à escala internacional, a Nigéria permaneceu um anão económico. O rendimento “per capita” é o equivalente a apenas 1300 dólares por ano. Na África do Sul, o valor é seis vezes superior. Para além do petróleo, o país praticamente não tem indústria. Quase tudo tem que ser importado.
As grandes empresas alemãs estão presentes na Nigéria
Este cenário de um país com elevados rendimentos auferidos da exploração de petróleo e simultaneamente dependente de importações, atrai os investidores de todo o mundo. A indústria alemã não é exceção. O seu representante na capital, Lagos, André Rönne, reconhece que o rendimentos de petróleo são importantes, mas “para os investidores alemães, a prioridade não são os setores de petróleo e de gás, mas o da construção civil, sobretudo na sua vertente de infraestutura. Os interesses alemães não se concentram no setor da energia».
Na Nigéria estão presentes grandes empresas alemãs, como a construtora Bilfinger-Berger e a sua filial. Julius Berger, assim como a Siemens e outras. Para além da construção civil, os setores de maior interesse para a Alemanha são as telecomunicações, serviços e comércio grossista.
No ano passado, as relações comerciais atingiram um valor de três mil milhões de euros. Os investimentos poderiam ser muito mais elevados, se não fosse o receio que os empresários alemães têm da corrupção galopante. André Rönne considera que as autoridades nigerianas estão a desenvolver um bom trabalho no combate à corrupção: "Não só na luta contra a corrupção na economia, mas também na luta contra a corrupção na política".
A corrupção assusta os investidores
Não é esta a opinião do economista nigeriano, Musa Jega, que mantém que não há indícios relevantes para uma redução da corrupção na Nigéria. Já no setor bancário, salienta, verificaram-se várias reformas profundas. Os bancos nigerianos, ativos em todo o mundo, foram apanhados pelo turbilhão da crise mundial financeira de 2009.
O governador do Banco Central, Sanusi Lamido Sanusi, colocou à disposição do setor quatro mil milhões de dólares, despediu vários diretores de bancos, e colocou os valores tóxicos num chamado "bad bank" para aliviar a finanças do setor. O economista Jega aplaude o banqueiro central, Sanusi : “O que o novo governador está a tentar fazer é introduzir um comportamento ético no setor bancário. As leis apresentavam algumas lacunas que os banqueiros aproveitaram para nos conduzir à situação em que nos encontramos hoje, à beira do precipício».
Autor: Thomas Mösch/Cristina Krippahl
Revisão: António Rocha