Inhambane: Eleitoras registadas ultrapassam eleitores
18 de maio de 2023Na província de Inhambane, no sul de Moçambique, há mais mulheres do que homens a aderir ao processo de recenseamento eleitoral, que começou há quase um mês. Várias eleitoras ouvidas pela DW lançam o apelo a mais mulheres para que se registem e votem nas eleições de 11 de outubro.
Margarida Júlio, residente em Inhambane, disse à DW que se sente bem por ter exercido o seu dever de cidadania, que lhe dará acesso à votação de 11 de outubro, dia das eleições autárquicas. "É meu dever exercer, para poder votar. Outras mulheres que ainda não se recensearam estão a perder. É nosso dever. Se não se recensear, pode não conseguir votar", alerta.
Números divulgados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) em Inhambane mostram que, nas primeiras três semanas do recenseamento, foram recenseadas mais de 153 mil mulheres, contra cerca de 102 mil homens.
É uma grande diferença que, segundo Lázaro Mabunda, coordenador dos observadores eleitorais no Centro de Integridade Pública, indica como as mulheres estão cada vez mais interessadas no processo político. "Alem de existirem mais mulheres do que homens, há cada vez mais uma maior consciência das mulheres sobre o processo eleitoral, porque são as pessoas mais afetadas pelas políticas públicas deste país", explica.
Registo não é sinónimo de voto
Nas eleições gerais de 2019, o cenário foi idêntico. Também houve mais mulheres do que homens a registarem-se.
No entanto, do recenseamento ao voto ainda vai uma grande distância. Um estudo publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no ano seguinte às eleições revelou que "o envolvimento das mulheres no processo eleitoral como eleitoras está em declínio, independentemente do alto nível de recenseamento".
Segundo o estudo, as mulheres chegam a ser pressionadas pelos líderes locais e pelas famílias para se recensearem - até porque se pensa erradamente que "o cartão de eleitor é uma forma importante de acesso" a benefícios sociais - mas acabam por não ir votar no dia das eleições. Isso terá a ver com desinformação, mas também com a exclusão de muitas mulheres do processo político ou com a perda de confiança de que o voto "trará mudanças positivas".
Elisa Macuácua promete que esse não será o seu caso. A 11 de outubro, vai votar. "Sinto-me bem e segura, porque no dia do voto vai ser simples. As mulheres devem aderir, porque não há bicha", afirma.
Fátima Pedro diz que ainda não se conseguiu recensear, por causa de problemas técnicos. A sua fotografia não estava a sair no cartão de eleitor. Mas vai tentar uma última vez: "Se for a outro sítio e não sair, já não me vou recensear. Eu queria recensear-me, mas não sai. O que posso fazer?".