Indícios de corrupção nos serviços de migração em Sofala
30 de novembro de 2015O diretor dos Serviços Provinciais de Migração e o chefe do movimento migratório de Sofala (centro de Moçambique) são acusados de estarem a fazer cobranças ilícitas e de facilitar a entrada e estadia de estrangeiros ilegais que trabalham nas empresas do ramo madeireiro, na hotelaria e no turismo.
Segundo as denúncias, o esquema de corrupção já dura há muitos anos e envolve o chefe dos Serviços Provinciais de Migração e o chefe do Movimento Migratório da província de Sofala.
Dois técnicos de fiscalização falaram com a DW África na condição de anonimato.
Denúncia
Os técnicos contam que os dirigentes da migração facilitam a entrada e a estadia de estrangeiros ilegais na província mediante o pagamento de valores monetários acima de 100 mil meticais (o equivalente a 1.700,00 euros).Eles dizem também que em plena fiscalização foram impedidos de exercer as suas funções porque alegadamente os seus superiores hierárquicos já tinham sido pagos. Um exemplo: para assegurar a presença de mais de 17 chineses numa empresa madeireira.
“A fiscalização é feita pelo próprio diretor da Migração. Investigamos e descobrimos muitos chineses vivendo ilegalmente em Sofala. Mas o diretor impede que tomemos alguma atitude. A própria empresa disse-nos que pagou 100 mil meticais ao nosso diretor”, denuncia um técnico.
Recentemente foram detidos em Sofala dez turistas de nacionalidade indiana, que tinham toda a documentação legal, mas não teriam cedido a um suborno. “Esses eram só turistas e a maioria, mulheres”, contaram os funcionários.
O diretor dos serviços de Migração nega envolvimento
A DW África falou com o diretor dos Serviços Provinciais de Migração em Sofala. José Alexandre Bene que confirma a detenção de turistas e alguns indícios de corrupção, mas nega o seu envolvimento nestes casos.
A nossa reportagem tentou, sem sucesso, ouvir o chefe do movimento migratório, mas soube que foi exonerado recentemente das suas funções.
A Polícia de Investigação Criminal disse à DW África que desde janeiro foram instaurados vários processos-crime contra alguns dirigentes dos Serviços de Migração acusados da prática de corrupção.