Imprensa alemã destaca condenação do ex-presidente da Libéria
27 de abril de 2012“Pela primeira vez desde o Processo de Nuremberga, em 1946, um chefe de Estado é condenado por um tribunal internacional”, escreve o Frankfurter Allgemeine Zeitung, num longo artigo dedicado ao final do processo do antigo presidente da Libéria Charles Taylor.
Terrorismo, homicídio, violência, violação, escravidão sexual, atentados à dignidade humana, tortura, uso de crianças soldado, escravidão e pilhagem. Foi com base nestas onze acusações de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade que Charles Taylor, presidente da Libéria entre 1997 e 2003, foi condenado pelo Tribunal Especial para a Serra Leoa.
Ficou provado que o “antigo senhor da guerra forneceu armamento aos rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) da Serra Leoa em troca de diamantes”, nota o Frankfurter Allgemeine Zeitung. Durante a guerra civil, e ainda segundo a acusação, terá cometido ele próprio e ordenado que fossem cometidas atrocidades contra civis na Serra Leoa.
“A maioria das 94 testemunhas descreveu a crueldade da RUF”, salienta o Der Tagessspiegel. “Uma mulher foi marcada no peito a ferro quente com as letras RUF, outras foram violadas com baionetas e armas. No bancos reservados às testemunhas sentaram-se várias vítimas cujos braços foram amputados à catanada pelos rebeldes”, prossegue o Der Tagesspiegel.
A condenação de Charles Taylor “ foi celebrada na ruas” da Serra Leoa, escreve o Frankfurter Allgemeinze Zeitung, acrescentando que a sentença é um “importante sinal para outros chefes de Estado”. A pena a cumprir pelo ex-presidente da Libéria, de 64 anos, será conhecida a 30 de Maio e esta deverá ser cumprida numa prisão do Reino Unido.
A caminho da guerra
Na fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul a tensão está ao rubro apesar de Juba ter retirado os seus militares da região petrolífera de Heglig. A retórica entre os dois Estados é virulenta nota o Der Tagesspiegel. “O Presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, referiu ao executivo de Juba como “insetos venenosos” que estão a desafiar a propriedade do território fronteiriço. Ao que Juba replicou, chamando ao regime Cartum “mosquito que suga sangue humano”.
As Forças Armadas de Cartum reocuparam a sua principal zona de exploração petrolífera, numa área fronteiriça reivindicada simultaneamente pelo Sudão e pelo Sudão do Sul, e palco de intensos combates nas últimas semanas.
Situado na região de Heglig, o campo petrolífero apresentava-se bastante danificado. Eram também visíveis inúmeros corpos de soldados sul-sudaneses, que tinham conquistado o campo a 10 de abril.
Cartum reivindicara sexta-feira (20.4) a reconquista do campo enquanto Juba levou a cabo uma retirada voluntária, devido a pressões internacionais. Desde a independência do Sudão do Sul em 2011 há inúmeros diferendos por resolver entre os dois países. E uma nova guerra poderá estar prestes a ter lugar.
Autismo do Comando Militar guineense criticado
Sem meias palavras o jornal suíço de língua alemã, Neue Zürcher Zeitung, censura aquilo que apelida de “surdez” dos militares da Guiné-Bissau. “Embora um golpe militar na Guiné-Bissau seja mais a regra do que a excepção, este é diferente”, salienta o jornal porque a população não apoia os militares. O jornal refere ainda a pressão e o isolamento internacional dos golpistas salientando que num dos países mais pobres do mundo a instabilidade política, aliada ao narcotráfico fazem da Guiné-Bissau um Estado muito perto de ser classificado como falhado.
Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: António Rocha