Guiné-Bissau lança linha para denunciar casos de violência
9 de agosto de 2022Em 2014, o Parlamento guineense aprovou a Lei Contra a Violência Doméstica na Guiné-Bissau, mas oito anos depois o problema continua.
Os casos de violência recaem mais sobre mulheres e crianças, levando as autoridades a lançar iniciativas para a sua erradicação.
"Os mais recentes estudos revelam que 67% de mulheres guineenses já sofreram algum tipo de violência por parte dos homens e que a maioria destes casos não foi denunciado à justiça", revelou a ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Teresa da Silva, no lançamento, esta segunda-feira (08.08), da "Campanha de Tolerância Zero Contra a Violência Doméstica", uma iniciativa da PJ guineense.
A campanha contra a violência doméstica visa o combate direto ao assédio e abuso sexual contra mulheres e meninas.
A Polícia Judiciária disponibilizou um canal para denúnciar casos de violência doméstica, através de uma chamada gratuita para o número 121.
Laudelino Medina, secretário executivo da Associação de Amigos de Criança (AMIC), disse à DW África que a violência contra menores ainda continua.
"No ano passado, o nosso centro de acolhimento [em Bissau] de vítimas de violência baseada no género acolheu cerca de 150 meninas. E este ano, no mês de junho, já estávamos em 95 crianças acolhidas. Neste momento, com a época da chuva, temos estado a receber mais casos e o nosso centro tem cerca de 15 meninas", conta.
Como erradicar a violência doméstica?
Dever haver outra forma para a erradicação da violência doméstica, que afeta sobretudo mulheres e crianças, defendeu, em declarações à DW África, o sociólogo Ivanildo Bodjam.
"Convém começarmos a pensar em estruturas de comunicação comunitária e que as autoridades comecem a pensar em trabalhar com os detentores de opiniões a nível das comunidades, através da criação de redes concretas que visem criar, monopolizar ou influenciar as opiniões, a partir do topo, nessa comunidades, porque essa violência tem a ver com, no geral o entendimento ou consenso das pessoas e das famílias nas suas comunidades", defende.
Para a luta contra a violência, a ministra Teresa da Silva deixou uma garantia: "O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos está fortemente empenhado na implementação de medidas que visam erradicar a violência contra as mulheres, enquanto atentado contra a dignidade da mulher e dos humanos."