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Guiné-Bissau enfrenta incertezas e desafios para 2025

Djariatú Baldé (Bissau)
10 de janeiro de 2025

Ano novo, velhos problemas: Guiné-Bissau inicia 2025 sob incertezas, com instituições paralisadas e cidadãos a exigir união política, eleições e mudanças urgentes para superar a crise.

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Cidade de Bissau
Entre os cidadãos ouvidos pela DW, predomina a insatisfação com o desempenho governativo no último anoFoto: DW/B. Darame

Com o início de 2025, os guineenses manifestam expectativas de progresso em setores fundamentais, como educação, saúde e economia, além da garantia de acesso a uma alimentação de qualidade. Contudo, analistas alertam que o ano será marcado por dificuldades e incertezas, devido à persistência de problemas estruturais nas instituições governativas, especialmente no Parlamento.

O ano de 2024 foi particularmente turbulento. Protestos, repressões e o adiamento daseleições legislativas, após a dissolução do parlamento em dezembro de 2023, marcaram um cenário de instabilidade política. A população, cansada dos problemas que afetam o país, espera que 2025 traga mudanças concretas.

Entre os cidadãos ouvidos pela DW, predomina a insatisfação com o desempenho governativo no último ano. Para muitos, 2024 foi sinónimo de dificuldades, como o aumento do custo de vida, a falta de serviços básicos e a ausência de respostas das lideranças políticas. Uma jovem guineense afirmou: "2024 foi um ano negativo. Espero que 2025 seja um ano de sucesso e tranquilidade para todos os guineenses." Outra entrevistada acrescentou: "Não temos escolas, não temos saúde e os preços dos produtos subiram. Em 2025, espero que o Governo nos apoie."

Há também um apelo crescente à união entre os líderes políticos do país. Um cidadão destacou: "Espero que os nossos políticos se unam e pensem no bem do povo."

Governança e desafios institucionais

Na sua mensagem de ano novo, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, procurou destacar os avanços registados em 2024, sublinhando a aposta nas infraestruturas como um pilar da sua governação:

"A Guiné-Bissau está em marcha e não vai parar. Estamos a desenvolver uma política de valorização do território que implica uma aposta forte nas infraestruturas.”

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Apesar disso, os desafios institucionais permanecem graves. O Parlamento continua sem funcionar, o atual governo não reflete plenamente a vontade popular, sendo considerado de iniciativa presidencial, e o Supremo Tribunal de Justiça continua sob a liderança interina há mais de um ano. Além disso, o mandato de Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República completa cinco anos em fevereiro, o que gera questionamentos sobre a legitimidade dos órgãos de soberania.

Cenário de caos social?

O sociólogo Tamilton Teixeira alerta para um possível cenário de caos social, caso os problemas institucionais não sejam resolvidos nos próximos meses:

"A partir do dia 27, vamos continuar numa situação de imprevisibilidade, mas muito mais perigosa. Isso implicará maior desintegração social, mais pobreza, mais corrupção e mais violações dos direitos humanos.”

Para o jurista António João Catchipian, a solução passa por garantir o funcionamento legítimo das instituições e convocar eleições. Ele sublinha que, ao completar o mandato, o Presidente deve limitar-se à gestão de assuntos essenciais, sem tomar decisões de grande impacto:

"Com o fim do mandato, ele entra em gestão, tratando de assuntos essenciais para não deixar o país [paralisado]. No entanto, ele não poderá mais praticar atos como presidente de forma plena. O que o Presidente deve fazer é marcar eleições para que possamos sair dessa situação.”

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