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Guiné-Bissau: Discursos sobem de tom a um mês das eleições

Iancuba Dansó (Bissau)
1 de maio de 2023

A campanha para as legislativas guineenses de junho arranca a 13 de maio, mas o clima de tensão já se faz sentir. Sociedade civil pede contenção aos políticos e que debatam "o essencial".

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Guinea-Bissau Wahlen
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou

A Guiné-Bissau está em contagem decrescente para as eleições legislativas de 4 de junho e já vive em clima eleitoral. O ambiente de tensão política está a adensar-se cada vez mais, com movimentações um pouco por todos os lados, entre partidos, candidatos a deputado e os seus apoiantes.

O início da campanha eleitoral está marcado para o dia 13 de maio, mas os atores políticos guineenses já começaram a endurecer os discursos. A pouco mais de 30 dias da ida às urnas, lançam suspeitas sobre a organização e a credibilidade do processo eleitoral.

Na semana passada, o presidente em exercício do Partido da Renovação Social (PRS), Fernando Dias, deixou uma advertência, num comício popular, em Bissau: "Se alguém apontar o seu dedo e subtrair um voto do PRS para adicioná-lo aos seus, porque tem poder, não viverá essa vitória".

A resposta não tardou a chegar. No mesmo dia, Braima Camará, líder da segunda maior força política da Guiné-Bissau, o Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), deixou garantias: "Não vamos permitir, em nenhum momento, a instabilidade na Guiné-Bissau, porque este povo já está cansado do problema. Mas também não teremos medo nem receio de qualquer tipo de ameaça".

Sitz PRS - Partei von Guiné-Bissau
Sede nacional do PRS, em BissauFoto: DW/B. Darame

Mais tolerância, precisa-se

Discursos que preocupam a sociedade, num país de processos eleitorais marcados por conflitos e divisões. Para prevenir a repetição destes cenários, o Espaço de Concertação, que agrupa mais de duas dezenas de organizações da sociedade civil guineense já reagiu, apelando à calma.

Gueri Gomes, falando em nome destas organizações, diz que é preciso mudar o discurso e evitar a violência: "Aos líderes dos partidos políticos, que haja a maior tolerância e ponderação nas suas comunicações, por forma a evitar comunicações que incentivem o ódio e atitudes de violência", considera.

Em entrevista à DW África, Abulai Djaura, presidente da Rede Nacional das Associações Juvenis (RENAJ), repudia os ataques pessoais e qualquer tipo de discurso que desviem o debate político do essencial. "Nós temos problemas de crescimento e desenvolvimento económico que podem atingir a própria população e temos problemas de aumento de preço de produtos da primeira necessidade no mercado, por causa de vários fatores. Portanto, o debate político deve centrar-se, neste momento, na preocupação da população", frisa.

Guinea-Bissau I Braima Camará
Braima Camará, líder do MADEM-G15Foto: Braima Darame/DW

Apelo à "racionalidade" dos jovens

As eleições legislativas marcadas para 4 de junho terão vários jovens como protagonistas, participando como candidatos a deputado ou como cidadãos eleitores.

Para Abulai Djaura, essa participação da juventude no processo eleitoral "deve ser uma participação racional, uma participação que não seja de compra de consciência, de criar problemas na sociedade e nas eleições. [Essa participação] deve cingir-se, simplesmente, em dizer aos dirigentes das formações políticas que os problemas do país devem estar em primeiro lugar".

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