Guiné-Conacri: reunião de opositores proibida, dois mortos e cerca de trinta feridos
28 de setembro de 2011Os confrontos entre opositores e forças da ordem em Conacri, capital da República da Guiné-Conacri, tiveram origem depois da proibição de uma concentração convocada por partidos da oposição para protestar contra a organização de eleições legislativas a 29 de dezembro, data fixada "unilateralmente" pelo poder e pela Comissão eleitoral nacional independente (Céni).
Os partidos da oposição apelaram aos seus apoiantes para uma reunião no Estádio 28 de Setembro, em Conacri, mas todos os acessos foram fechados pelas forças da ordem que também interviram em vários bairros da periferia para impedir os manifestantes de se deslocarem ao estádio.
"É lamentável a proibição da manifestação"
Um dos líderes das oposição, Sidya Touré, considerou “lamentável” a proibição da manifestação e defendeu por outro lado a “organização em conjunto, oposição e poder, do processo eleitoral para que esta fase de transição termine e permita ao país ter acesso aos financiamentos externos”.
Por seu turno, o chefe da oposição, Cellou Diallo, acusou o governo de “procurar traficar as urnas por forma a conseguir uma maioria”. Diallo critica o poder de ter nomeado um dos seus próximos aliados para dirigir a comissão eleitoral.
A oposição, que exige a reestruturação da Céni, fala de um "hold-up" eleitoral por parte do poder em relação às legislativas que deveriam ser organizadas nos seis meses seguintes à investidura de Alpha Condé, no cargo de presidente do país, a 21 de dezembro do ano transato.
Oposição critica a "deriva autoritária" de Condé
Condé, ex-opositor histórico, foi eleito em Novembro de 2010 na primeira eleição democrática na história da República da Guiné, mas os seus opositores têm denunciado desde aquela altura o que consideram ser "a deriva autoritária do presidente".
Após o ataque efetuado por militares a 19 de Julho contra a sua residência, em Conacri, de onde saiu indemne, Alpha Condé, apesar de um inquérito em curso, acusou Amadou Bah Oury, o número dois do principal partido da oposição de ter sido um dos mandantes com a cumplicidade do Senegal e da Gâmbia.
A manifestação da oposição decorreu na véspera do segundo aniversário de um massacre no estádio de Conacri, a 28 de setembro de 2009, quando 150 opositores morreram, vítimas da junta militar que então ocupava o poder.
Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, nenhum dos alegados autores do massacre foi até agora responsabilizado.
Autor: António Rocha (com AFP/Lusa)
Edição: Glória Sousa