Salas de aulas às moscas no início do ano letivo
5 de outubro de 2020Esta segunda-feira (05.10), as salas de aula da maioria das escolas públicas da capital guineense estão vazias. A maior parte dos estabelecimentos de ensino está ainda a ultimar os aspetos técnicos para o arranque das aulas.
Ainda decorrem processos como matrículas e a distribuição de alunos por turmas para o início das aulas, que vai contar com os sábados como "dias letivos obrigatórios", conforme o anúncio do ministro da Educação, Jibrilo Baldé.
Entretanto, várias escolas privadas iniciaram as atividades escolares, perante olhar dos alunos das escolas estatais. Face ao cenário, o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF), Domingos de Carvalho, deixou um apelo: "Se o Governo declarou oficialmente o início do ano letivo, todos os professores devem estar preparados. E acredito que cada professor vai estar no seu posto de serviço para dar aulas, segundo a orientação do Ministério da Educação".
"Apelamos aos professores para que compareçam às salas de aulas, tendo em conta que o Governo indicou o dia 5 de outubro para o início das aulas, que é o primeiro dia", acrescentou Baldé.
Professores não querem aulas aos sábados
O presidente do SINAPROF não quis pronunciar-se sobre a introdução, pela primeira vez na Guiné-Bissau, das aulas aos sábados. Mas fonte do sindicato disse à DW África que os professores não concordam e prometem um pronunciamento oficial sobre a matéria numa conferência de imprensa a ser realizada esta quarta-feira (07.10).
Sobre a determinação dos sábados como "dias letivos obrigatórios", Iaia Dabó, dirigente da Confederação das Associações dos Alunos das Escolas Públicas e Privadas (CAAEPP), tornou pública a posição da organização.
"Não é só dizer que vai haver aulas aos sábados. Há um trabalho a fazer, um trabalho de diagnóstico para constatar o que é necessário fazer, porque a maioria das atividades organizacionais são feitas aos fins de semana", sublinhou.
Dabó diz que "então, há um trabalho a fazer, com o envolvimento de todos os atores [intervenientes no setor], e não é só dizer, por mero capricho, que haverá aulas aos sábados".
Falta de condições
O diretor da Escola Dr. Agostinho Neto, Ildo da Silva, relata a realidade daquela instituição de ensino: "O professor está a trabalhar com dois ou três alunos nas salas de aula. Tem condições pedagógicas para trabalhar? Não tem", afirmou.
O ano letivo 2020/2021 vai ser diferente. É no contexto da pandemia da Covid-19 que os alunos e professores vão regressar às salas de aulas. Várias escolas já anunciaram medidas para evitar a propagação da doença, mas há questões sobre a capacidade dos estabelecimentos de ensino em lidar com o problema.