Guiné-Bissau: CEDEAO ameaça políticos
25 de abril de 2017A delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental ( CEDEAO) ameaça recomendar sanções internacionais contra políticos guineenses que inviabilizam o cumprimento do Acordo de Conacri. A missão ministerial chegou ao país nesta segunda-feira (24.04.) para avaliar a implementação do documento assinado em Conacri pelos atores políticos que visava acabar com a crise política que dura há mais dois anos.
No comunicado final, apresentado esta terça-feira (25.04.) pelo secretário geral da presidência da República da Guiné-Conacri, Nabi Bangura, a delegação da CEDEAO ameaça aplicar sanções: "Em caso de desrespeito das decisões ou ações concretas iremos num prazo de 30, a partir de hoje, recomendar aos Chefes de Estado e de Governo a aprovarem a aplicação, com toda a comunidade internacional, de sanções adequadas contra indivíduos, grupo de indivíduos ou entidade que travem a implementação harmoniosa do Acordo de Conacri, bem como todos os seus colaboradores, imediatamente."
Além de um Governo de consenso, o acordo prevê, também, que o primeiro-ministro seja uma figura que mereça a aprovação de todas as partes, ainda que seja da confiança do chefe de Estado.
ECOMIB pode ser retirada do país
No entanto, quatro dos cinco partidos representados no Parlamento acusam o Presidente da República, José Mário Vaz, de ter nomeado Umaro Sissoco primeiro-ministro sem o seu apoio, pelo que não reconhecem o Governo e têm pedido a demissão do atual Governo.
E as ameaças da delegação da CEDEAO não se ficam por aqui: "Reiteiramos a decisão dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO de retirar a ECOMIB de 28 de Abril a 30 de Junho de 2017. A decisão foi comunicada as autoridades nacionais no dia 21 de Abril."
Entretanto, a União Para Mudança (UM), força política com apenas um assento parlamentar, dá um ultimato a CEDEAO para resolver a crise guineense, tal como o fez na Gâmbia, ou então ou abandonar a Guiné-Bissau.
O UM é um dos quatro partidos que acusam José Mário Vaz de desrespeitar o Acordo de Conacri. O PRS, partido que suporta atual Executivo, afirma que o Acordo de Conacri está a ser cumprido, apesar de algumas dificuldades na sua implementação devido ao bloqueio deliberado do Parlamento por parte do presidente de Cipriano Cassamá.