Guerra na Líbia abre buraco no Orçamento de São Tomé e Príncipe
24 de março de 2011O governo são-tomense direcionou o financiamento direto do governo líbio para Orçamento Geral do Estado (OE) para 2011, para os setores da Defesa e da Ordem Pública, que deviam receber o equivalente a mais de 1,4 milhões.
Com o início da guerra naquele país e o bloqueio do fundo soberano líbio pelas instituições financeiras internacionais, o governo são-tomense encontra-se de mãos atadas. O próprio primeiro-ministro, Patrice Trovoada, reconheceu o facto, confirmando que a situação “vai ter consequências”, para as finanças públicas do país.
A espera do dinheiro de Kadhafi
São Tomé e Príncipe contava receber 750 mil dólares do fundo soberano líbio. O dinheiro destinava-se à compra de alimentos visando garantir refeição a mais de dez mil estudantes do ensino primário e também a fornecer géneros alimentícios ao mercado nacional.
Em outubro, quando o Primeiro-ministro Patrice Trovoada, visitou a Líbia, o chefe do executivo anunciou também que Tripoli tencionava deveria investir 35 milhões de dólares na construção de um hotel de cinco estrelas no coração da cidade de São Tomé.
Mas, agora, o projeto está parado. “Nós não temos solução senão procurar alternativas”, diz o chefe do Governo, sem adiantar pormenores.
O governo são-tomense perde assim ajudas consideráveis de um parceiro tradicional na cooperação, justamente numa altura, em que os tribunais condenaram o Estado a pagar milhares de dólares a particulares, resultante de dívidas em atraso.
A crise financeira mundial e a guerra na Líbia deixam o governo de Patrice Trovoada em sérias dificuldades, contando-se agora com um buraco no OE 2011, originalmente estimado em 153 milhões de dólares.
Autor: Ramusel Graça (São Tomé)/Cristina Krippahl
Revisão: Helena Ferro de Gouveia