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Greves na saúde geram "clínicas clandestinas" em Nampula

Sitoi Lutxeque (Nampula)
29 de agosto de 2023

Em Nampula, há profissionais de saúde que transformam as suas residências em "clínicas clandestinas" para atender doentes em benefício próprio. A atividade é ilegal. Mas para os cidadãos é uma solução alternativa.

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Mosambik Hospize in Inhambane
Foto: Luciano da Conceição

Nas casas transformadas em clínicas clandestinas, são prestados quase todos os serviços mínimos de saúde. A atividade não é legal, por isso é feita mediante um "acordo sigiloso" entre o enfermeiro e o paciente.

H. Joaquim*, reside no bairro de Mutauanha, na cidade de Nampula, norte de Moçambique. E conta que há muito que deixou de frequentar ao hospital quando precisa de cuidados mínimos de saúde.

"Quando vamos aos hospitais não somos bem atendidos, pior naquela altura da greve recém-suspensa”, relata a cidadã para quem "preferimos ir a casa dos enfermeiros onde recebemos cuidados humanizados", disse.

Outra cidadã, A. André*, fala de benefícios mútuos entre os doentes e o profissional de saúde. Conta que nas clínicas clandestinas há disponibilidade de quase todos os medicamentos, ao contrário do que acontece nos hospitais públicos.

Mosambik Hospize in Inhambane
Cidadãos satisfeitos com o atendimento nas "clínicas clandestinas"Foto: Luciano da Conceição

"Temos passado mal nos hospitais, por causa de mau-atendimento”, revela.

André reconhece  que esta prática é ilegal, mas não pensa em denunciá-la às autoridades. "Temos bom atendimento aqui, por isso que, não podemos denunciar por ser uma vantagem para nós", afirmou.

Pede-se denúncia dos casos

As autoridades sanitárias de Nampula dizem desconhecer a prática, a quem muitos pacientes terão recorrido mais nos últimos tempos devido às prolongadas greves no setor.

A médica-chefe provincial, Selma Xavier, encoraja aos cidadãos a denunciarem estes casos, para as devidas responsabilizações.

"Nós não recebemos nenhuma queixa e assim vai ser complicado falar porque não temos matéria”, informou Selma Xavier.

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Mesmo assim, a dirigente conta que "só tivemos um caso há dois anos, que ocorreu aqui na cidade de Nampula de uma senhora que  tinha uma clínica clandestina em casa, fora disso nunca mais tomamos conhecimentos de casos semelhantes", disse.

* nome ocultado para proteger a identidade das fontes.