Tensão nas vésperas da eleição presidencial na Guiné Conakry
8 de outubro de 2015
São 8 os candidatos que disputam as eleições presidenciais de domingo na Guiné Conakry, incluindo o atual Presidente, Alpha Condé, e os seus dois principais rivais – o líder da oposição Cellou Dalein Diallo, da União das Forças Democráticas da Guiné e Sydia Toure, da União das Forças Republicanas, um antigo primeiro-ministro.
No entanto, a apenas 3 dias para as presidenciais, a oposição ainda não tem uma posição clara. Os 7 candidatos que enfrentam Alpha Condé na corrida eleitoral chegaram a ameaçar boicotar a eleição. E uma semana antes do escrutínio, acabaram por exigir um adiamento, alegando a existência de falhas no registo eleitoral.
Manifestações, violência e detenções
Vincent Foucher, especialista na Guiné-Conakry no International Crisis Group (ICG), está a favor desta reivindicação. “Estas eleições estão há meses a causar controvérsia, manifestações, violência e detenções. Por isso, a ideia de adiar o acto eleitoral por alguns dias parece razoável”, diz Foucher.Agora, a oposição diz estar pronta para participar nas presidenciais, mesmo se as eleições não forem adiadas. Os actos eleitorais na Guiné Conakry são frequentemente marcados por erros e distúrbios. Em conferência de imprensa, um representante da oposição unida sublinhou a necessidade de uma eleição livre, transparente e credível.
Oposição cética sobre os resultados do escrutínio
Em 2010 e 2013, a oposição mostrou-se cética perante os resultados das eleições. E muitos eleitores acreditam que este acto eleitoral não será diferente dos anteriores. Um apoiante do candidato Cellou Dalein Dallo, em Labé, considera que haverá fraude nestas presidenciais:
“A “máquina de enganar” do Governo já está a funcionar a todo o vapor. Puseram dinheiro suficiente de lado para subornar a população e distribuir votos já marcados a favor do RPG, o partido no poder”.Na Guiné Conakry, as campanhas eleitorais são muitas vezes marcadas pela violência. No último fim-de-semana, uma pessoa morreu em confrontos entre grupos políticos rivais em N’Zerekore, no sudeste do país. Oitenta ficaram feridas. No final de Setembro, confrontos entre apoiantes de Condé e Diallo resultaram em 17 feridos.
Desta vez, um grupo de comediantes quer pôr um travão nesta tendência. Produziram uma peça que ilustra os perigos da escalada das tensões. Baliah Bah é o autor e director da peça. E diz que “as eleições estão a chegar e já há tensão. Por isso, é importante demonstrar os perigos da violência, para que as pessoas reconsiderem as suas acções”.
Bah não está sozinho na campanha contra a violência. Também um grupo de jovens "bloggers" está a tentar passar a mensagem através de uma plataforma online conhecida como guinevote.com. Aqui, os utilizadores podem denunciar quaisquer irregularidades e actos de violência.Por seu turno, Foude Kouyate, um dos promotores da iniciativa, afirma que o projeto pretente colocar 215 observadores eleitorais em todo o país, ou seja “onde quer que haja uma assembléia de voto, precisamos de cidadãos que possam fornecer informações sobre o processo eleitoral. Se o processo não for transparente, os resultados vão ser contestados e isto pode levar à violência”,conclui.