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STP: Governo anuncia investimentos "importantes" da China

18 de abril de 2017

O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, augura bons tempos para São Tomé e Príncipe graças à cooperação com a China, embora não avance valores. Especialista ouvido pela DW África diz que é preciso cautela.

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Foto: DW/J.Carlos

Após terminar a visita de trabalho a Pequim, o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, regressa ao país com a notícia de que o Governo chinês deverá investir dezenas de milhares de dólares durante os próximos cinco anos no arquipélago. Mas um especialista em Ciências Polícias ouvido pela DW África alerta que é preciso cautela.

A informação foi divulgada por Trovoada na segunda-feira (17.04) durante uma entrevista à televisão pública são-tomense. A visita de trabalho à China foi marcada pela assinatura de um acordo geral de cooperação, na semana passada, que deverá garantir investimentos "importantes" para alavancar a economia do país. O primeiro-ministro não avançou valores.

"Esses montantes são importantes, compõem-se de donativos, ajuda orçamental, perdão da dívida antiga que nós tínhamos e toda uma série de ações de cooperação", disse Trovoada, que ressaltou que "tudo isso é um montante bastante importante, que demonstra a vontade da China de cooperar."

Sao Tome und Principe Flughafen Aeroporto Principe
Trovoada: Transformação do Aeroporto Internacional de São Tomé deverá ser financiada através de cooperação chinesa Foto: DW/C. Vieira Teixeira

Cooperação             

A aproximação entre os dois países acontece depois de São Tomé e Príncipe ter cortado as relações diplomáticas com Taiwan, reconhecendo desde então Pequim como o único Governo chinês legítimo. Ambos têm agora as condições e os instrumentos jurídicos e legais necessários para a cooperação mútua.

Para o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, que foi recebido pelo seu homólogo, Li Keqiang, e pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a República Popular da China é atualmente o principal parceiro de cooperação bilateral do país.

"O Presidente Xi Jinping frisou o facto de em, quatro meses, fazermos grandes progressos. Criámos uma boa base de confiança", afirmou Patrice Trovoada. Essa confiança entre os dois países, segundo o primeiro-ministro, "terá que dar provas a cada passo".

Financimento chinês

Durante a viagem de trabalho a Pequim, Trovoada manifestou o seu interesse às autoridades chinesas de ainda este ano ver materializado um dos maiores projetos do seu Governo: a transformação do porto e do aeroporto de São Tomé, que desde 2015 aguarda financiamento.

18.04.2017 Visita de Patrice Trovoada à China (edit) - MP3-Mono

Para além disso, a economia do país também deverá receber investimentos de empresas chinesas. De acordo com o primeiro-ministro, o interesse dos empresários da China pelo arquipélago é grande.

"Nós recebemos várias empresas, visitámos várias empresas, empresas de topo da economia chinesa. A Datang, por exemplo, é uma empresa que produz duas vezes a energia que consome um país como a França. Fomos muito bem recebidos", relatou Trovoada, que lembrou que são engenheiros da Datang que estão em São Tomé a trabalhar na central elétrica de Santo Amaro.

A equipa do Governo são-tomense também visitou empresas de outros ramos, incluindo empresas que operam em África no setor das obras públicas.

Especialista pede cautela 

Com uma dívida atual superior a 50% do Produto Interno Bruto (PIB), avaliado em 350 milhões de dólares, São Tomé e Príncipe espera,com o apoio da China, promover o desenvolvimento do país para os cerca de 180 mil habitantes.

No entanto, o professor de Ciências Políticas no Instituto Universitário de Contabilidade, Administração e Informática, Eugênio Teani, que aplaude a cooperação com China, alerta também o Estado são-tomense para manter ao mesmo tempo uma boa relação com outros países parceiros.

"Não podemos virar-nos agora para China, [e pensar] que a China vai fazer tudo. Temos de manter a cooperação que temos, sobretudo com Portugal, Angola, Gabão ou Guiné Equatorial, porque a situação internacional hoje é muito complexa", avisa.

A preocupação do professor reflete-se nos possíveis conflitos políticos e militares que a Coreia do Norte poderá causar naquela região da Ásia. Na opinião de Teani, isso poderia afastar durante algum tempo os investimentos e parcerias da China com países como São Tomé e Príncipe.

 

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