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Governo etíope prende mais um jornalista e um político da oposição

16 de setembro de 2011

Este ano, terão sido detidos mais de 300 alegados "terroristas". Perante as revoluções no Norte de África, o Governo etíope continua tenso. Esta quarta-feira deteve mesmo o Secretário-Geral do maior partido da oposição.

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Meles Zenawi é Primeiro-Ministro da Etiópia desde 1995
Meles Zenawi é Primeiro-Ministro da Etiópia desde 1995Foto: AP

Eskinder Nega, jornalista, e Andualem Arage, político da oposição, são da Etiópia. Além deste, há, pelo menos, um outro aspeto que os une: ambos criticam o regime de Meles Zenawi, que está desde 1995 à frente do Governo etíope. E, por isso, esta quarta-feira, os dois foram presos. São acusados de conspiração com organizações terroristas e outras forças estrangeiras, que quererão derrubar o governo. Nega, o jornalista, tinha já antes sido várias vezes detido. E Arage é o secretário-geral do maior partido da oposição, a Unidade para a Democracia e Justiça.

Negasso Gidada, também do partido Unidade para a Democracia e Justiça, diz que os etíopes "estão fartos da situação económica do país, das condições sociais e das violações dos direitos humanos". A isso junta-se atualmente a crise de fome que está a atingir toda a região do Corno de África. E, portanto, diz Gidada, a população etíope, inspirada nas revoluções no Norte de África, está pronta a reagir. Ora, "o Governo sabe disso e tem medo. É por isso que vemos esta onda de detenções", diz Gidada.

Centenas de "terroristas" presos - país seguro?

A onda de detenções de que o político da oposição fala, começou em março deste ano e tem como alvo políticos da oposição, jornalistas e ativistas. Todos eles são vistos pelo Governo como alegados terroristas. Até agora, já várias centenas destes alegados terroristas foram presos – só neste ano. Base para as detenções é uma nova lei anti-terrorismo, que atinge sobretudo pessoas da maior etnia etíope, os oromas, tal como Negasso Gidada, do partido Unidade para a Democracia e Justiça.

De acordo com a agência de notícias epd, já em março passado, o governo tinha detido mais de 200 membros do Movimento Democrático Federalista de Oromo, um partido da oposição. Desde abril, o programa da Deutsche Welle em amárico, a língua oficial da Etiópia, tem sofrido interferências, sempre que são abordados temas sensíveis como as detenções de críticos ao regime.

Entretanto, não só estes "conspiradores", como o governo os define, se mostram descontentes na Etiópia. Ainda recentemente, nos Jogos Africanos, que estão a decorrer até sábado em Moçambique, 15 atletas etíopes aproveitaram a sua deslocação para a competição e desapareceram.

Autora: Marta Barroso

Edição: António Rocha