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Atacantes em Cabo Delgado são "jovens sem emprego" - Governo

Lusa
9 de janeiro de 2019

Ministro da Defesa de Moçambique, Atanásio Mtumuke, diz que ataques armados em pontos recônditos da província de Cabo Delgado são protagonizados por "jovens desempregados", que estarão a ser "enganados".

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Foto: Privat

"Quem são os malfeitores? São jovens que estão a ser enganados por causa do desemprego", disse o ministro moçambicano da Defesa de Moçambique, Atanásio Mtumuke, citado na terça-feira (08.01) pela televisão privada STV.

O governante desdramatizou os ataques, que já causaram a morte de cerca de 100 pessoas desde outubro de 2017, segundo dados oficiais.

"Essas atividades dos malfeitores começaram em outubro, e, desde que iniciaram, as instituições do Estado estão a funcionar normalmente", disse Atanásio Mtumuke.

"[Os autores] são jovens que não entendem o Alcorão. Não há nenhum Alcorão que diz que se deve matar pessoas", acrescentou.

Mosambik, Cabo Delgado: Soldat in Naunde
Soldado ajuda na reconstrução de uma casa, após ataqueFoto: Borges Nhamire

O último ataque conhecido aconteceu no domingo no posto administrativo de Mpundanhar, em Cabo Delgado, quando um grupo armado intercetou uma carrinha de caixa aberta que transportava passageiros numa estrada que liga Palma e Mpundanhar.

Depois de disparar contra a carrinha para que o motorista parasse o veículo, o grupo obrigou os passageiros a descerem, para momentos depois atacá-los com recurso a catanas e outros instrumentos contundentes, explicaram diferentes fontes ouvidas pela agência noticiosa Lusa.

Sete pessoas morreram e outras sete ficaram feridas na sequência deste ataque.

Dezenas de ataques

A onda de violência naquela zona começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017.

Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido dezenas de ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto.

Os ataques têm acontecido fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, na região, e cujas obras avançam com normalidade.

Em finais do mês passado, o Ministério Público (MP) de Moçambique juntou mais cinco nomes à lista de cerca de 200 pessoas que estão em julgamento, acusadas de estarem envolvidas nos ataques armados em Cabo Delgado.

Na acusação do MP, que data de 24 de dezembro e a que a Lusa teve acesso, o empresário sul-africano Andre Hanekom, de 60 anos, é apontado como "financiador, logístico e coordenador dos ataques", cujo objetivo era "criar instabilidade e impedir a exploração de gás natural na província" de Cabo Delgado, a cerca de 2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia.