Gobena Dache: O braço direito do Imperador Menelik II
16 de março de 2021Nascimento: Gobena Dache nasceu em 1821, numa família aristocrática etíope. Morreu em julho de 1889, pouco antes de Menelik ascender ao trono como imperador.
Quem foi Gobena Dache?
Gobena Dache foi um general que serviu Sahle Mariam, rei de Shewa, que viria mais tarde a tornar-se o Imperador Menelik II da Etiópia. Os investigadores veem Gobena Dache como o braço direito de Menelik, tendo-o ajudado a consolidar o poder sobre os territórios do sul.
O que sabemos sobre o caráter de Gobena Dache?
Sabe-se muito pouco sobre Gobena Dache, mas alguns historiadores consideram que ele foi um militar leal e dedicado até sua à morte. Antes de prometer lealdade a Menelik, Gobena Dache participou em rebeliões militares contra o então Imperador Tewodros II.
Na Etiópia, a reivindicação do trono pela realeza, esteve sempre ligada à possibilidade de traçar os seus antepassados até à Casa de David e Salomão de Israel, segundo a Bíblia, e que, portanto, podia reclamar o trono. Significava também conquistar territórios que se acreditava terem feito parte do império etíope do século XV. Era nisto que Gobena e outros generais acreditavam: na reconstrução daquilo que viam como sendo o antigo império etíope.
O que faz de Gobena Dache uma figura significativa na HIstória da Etiópia?
Menelik II e Gobena Dache foram sempre próximos. Menelik II esteve preso até 1865, a mando do então Imperador Tewodros II, que temia que ele pudesse ameaçar o seu reinado. Quando conseguiu escapar, Menelik estabeleceu-se como Rei de Shewa, uma área que abrange o que mais tarde se tornou a capital, Addis Abeba, e nomeou Gobena como seu chefe de palácio. Também lhe deu o título real de Ras - que vem logo abaixo do rei na hierarquia.
A sua missão passava por conquistar e governar o território para Menelik. Assim, forjou alianças, travou batalhas e assegurou que os líderes locais se tornassem leais a Menelik II.
Porque é Gobena Dache uma figura controversa na Etiópia até aos dias de hoje?
Enquanto para uns, Gobena Dache unificou os reinos e clãs em guerra na Etiópia, para outros, liderou a ocupação de territórios que deveriam ter permanecido autónomos.
Os historiadores concordam que as vitórias militares de Gobena sobre aqueles que se recusaram a submeter-se a ele foram muitas vezes obtidas através de uma guerra brutal. Além disso, Gobena, de etnia oromo, é frequentemente visto como tendo-se submetido a uma liderança amhara sob a liderança do rei Menelik. Estes diferentes pontos de vista continuam a ser indicativos das clivagens étnicas que existem ainda hoje na Etiópia moderna.
O que aconteceu após a morte de Gobena Dache?
Diz-se que Gobena Dache celebrou a morte do Imperador Yohannes em 1889, o que significava que Menelik poderia finalmente assumir o império. No entanto, o general morreu pouco tempos depois, ainda antes de Menelik assumir o poder.
De acordo com o historiador Sishagne, os esforços militares de Gobena e Menelik reforçaram a Etiópia, numa altura em que várias forças coloniais se aproximavam do continente africano. "Esta era uma época em que grande parte de África enfrentava uma enorme pressão por parte dos construtores de impérios europeus. Lembremos que a conferência de Berlim que partilha terras africanas foi em 1884, na mesma altura em que Gobena estava no auge da sua carreira e tinha estabelecido em grande parte o controlo centralizado sobre grande parte do sul e sudoeste da Etiópia". Alguns anos mais tarde, o imperador Menelik II derrotou finalmente os italianos na Batalha de Adwa, fazendo da Etiópia o único país africano que nunca foi colonizado.
O parecer científico sobre este artigo foi fornecido pelos historiadores professor DoulayeKonaté, Lily Mafela, Ph.D. e professor Christopher Ogbogbo. A série "Raízes Africanas" é apoiada pela Fundação Gerda Henkel.